São Paulo, domingo, 31 de março de 2002

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Fotógrafa trocou cão por menina

DA REPORTAGEM LOCAL

Janaína tinha três anos quando foi adotada pela fotógrafa Yone Lindgren. Na época, 20 anos atrás, Janaína vivia pelo chão da oficina do avô, num subúrbio do Rio, a mesma oficina onde Yone e sua companheira costumavam levar o carro, sempre acompanhadas pelo pastor alemão Jedai.
"O avô viu que me preocupava com a menina e um dia propôs: "Você leva a menina e deixa o cachorro", lembra. Jedai morreu no ano seguinte. Janaína tinha a cabeça machucada por fórceps, não falava e manifestava dificuldades motoras. A mãe, que tinha 18 anos quando Janaína nasceu, teve outros dois filhos.
"Foram se agregando à minha casa, a mãe e os outros filhos, formando uma grande família."
Yone conta que todos sempre souberam da sua orientação sexual. "Janaína fazia questão que eu fosse à escola no Dia das Mães e no Dia dos Pais."
Aos 13 anos, Janaína foi levada pelo pai, armado, e desapareceu no morro por três meses. "Quando a polícia conseguiu resgatá-la, tinha sofrido todo tipo de violência", conta Yone. "Começamos tudo de novo."
Hoje Janaína está casada, mora e trabalha em Araruama, no Rio. Como não pode ter filhos, em decorrência das violências que sofreu, o marido lhe deu um poodle, que já lhe deu filhotes. Um deles, batizado de Igor José, foi para a mãe, no lugar do neto prometido.
Yone Lindgren coordena o grupo de lésbicas Movimento Delas e o DDH (Disque-Defesa Homossexual).


DDH: tel. 0/xx/21/3399-1304

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