São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pelo judaísmo, religioso poderá no máximo ser afastado da presidência do rabinato

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se for provado que o rabino Henry Sobel furtou gravatas nos EUA, o máximo que pode lhe acontecer é perder o emprego de presidente do rabinato da CIP (Congregação Israelita Paulista).
Isso acontece porque o judaísmo não é hierárquico nem tem regras aplicáveis a todos os fiéis do mundo da mesma maneira. O furto é condenado na Torá, livro sagrado da religião, mas a maneira como a punição se dá varia muito de sinagoga para sinagoga (os templos onde os fiéis rezam) e de acordo com o ramo ao qual a pessoa está ligada. Pode haver perdão, reprimenda ou, no limite, o envio do caso a um tribunal rabínico, que resolve litígios internos.
Neste sentido, o judaísmo é profundamente diferente do catolicismo. O Vaticano é o centro físico. O papa é a autoridade máxima e o que ele diz tem peso de lei para os fiéis.
Na religião de Sobel, isso não existe. Nem o presidente do Estado de Israel nem o rabino-chefe podem tirar o título de rabino de alguém. O que este último diz vale mais como conselho do que como norma. As sinagogas, em geral, não se organizam em pirâmide, só têm de dar satisfações a seus membros e mantêm relações entre si no aspecto da cooperação.
Os rabinos obtêm o título após estudar em uma universidade específica. Eles podem se casar. Segundo a linha que seguem (ortodoxo, conservadores, liberais, reformistas), mantêm contato entre si em conselhos mundiais, mas estes órgãos não têm caráter punitivo.
Porém, e isso é algo que acontece especialmente no Brasil, o rabino é empregado de uma sinagoga e vive do salário que recebe dela. Sobel e a CIP fazem parte do ramo liberal.
Há no Brasil cerca de 130 mil judeus -75 mil em São Paulo.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Religioso atuou na luta contra a ditadura
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.