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JURANDIR DE OLIVEIRA
O som discreto da caixa do "rasqueado"
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os Cinco Morenos", um
dos grandes orgulhos de Várzea Grande, no Mato Grosso,
agora são quatro. Por isso a
cidade "está em luto". Quer
de volta Jurandir de Oliveira,
o percussionista quase mudo
da caixa do "rasqueado".
Pouco falava quem nasceu
lavrador e lavrador continuou a maior parte da vida,
passada na Várzea Grande
onde nasceu. Fez apenas o
primário e aprendeu, sozinho, a fazer percussão de caixa, instrumento que tocou
por quase 40 anos no grupo
"Os Cinco Morenos" -com
três irmãos e um amigo.
Era Jaime no banjo, Domingos no bumbo, Benedito
no pandeiro, Jurandir na caixa e Raul no "violino-fone",
uma mistura de violino e megafone inventada por ele
mesmo. O que começou como um grupo de músicos
animando baile nos anos
1960 virou o bastião do rasqueado, música "ribeirinha"
que funde siriri e cururu
-hoje o símbolo do mosaico
musical do Mato Grosso.
E o rasqueado do grupo ficou famoso ao percorrer o
Brasil nos anos 1970, com a
peça "Rio Abaixo, Rio Acima", de Glória Albues; "virou
ainda tema de filme", diz o irmão, no curta-metragem de
Luiz Borges.
Mas Jurandir não queria
sucesso. Era o mesmo lavrador que dividia a percussão
com a pescaria, subindo na
canoa e ganhando o rio Cuiabá, o "Grandão", para "pegar,
no anzol e na linha, o peixe
que aparecesse". Casado, tinha oito filhos. Morreu na
quinta, aos 60 anos.
obituario@folhasp.com.br
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