São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

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JURANDIR DE OLIVEIRA

O som discreto da caixa do "rasqueado"

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Os Cinco Morenos", um dos grandes orgulhos de Várzea Grande, no Mato Grosso, agora são quatro. Por isso a cidade "está em luto". Quer de volta Jurandir de Oliveira, o percussionista quase mudo da caixa do "rasqueado".
Pouco falava quem nasceu lavrador e lavrador continuou a maior parte da vida, passada na Várzea Grande onde nasceu. Fez apenas o primário e aprendeu, sozinho, a fazer percussão de caixa, instrumento que tocou por quase 40 anos no grupo "Os Cinco Morenos" -com três irmãos e um amigo.
Era Jaime no banjo, Domingos no bumbo, Benedito no pandeiro, Jurandir na caixa e Raul no "violino-fone", uma mistura de violino e megafone inventada por ele mesmo. O que começou como um grupo de músicos animando baile nos anos 1960 virou o bastião do rasqueado, música "ribeirinha" que funde siriri e cururu -hoje o símbolo do mosaico musical do Mato Grosso.
E o rasqueado do grupo ficou famoso ao percorrer o Brasil nos anos 1970, com a peça "Rio Abaixo, Rio Acima", de Glória Albues; "virou ainda tema de filme", diz o irmão, no curta-metragem de Luiz Borges.
Mas Jurandir não queria sucesso. Era o mesmo lavrador que dividia a percussão com a pescaria, subindo na canoa e ganhando o rio Cuiabá, o "Grandão", para "pegar, no anzol e na linha, o peixe que aparecesse". Casado, tinha oito filhos. Morreu na quinta, aos 60 anos.

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