São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011

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Verba de merenda pagou uísque, diz PF

Polícia apura desvio de R$ 8 milhões em 9 cidades alagoanas e afirma que dinheiro era usado para despesas pessoais

Segundo investigação, mulheres de prefeitos usavam dinheiro em mercados; 13 foram presos em operação

SÍLVIA FREIRE
DE SÃO PAULO

Dinheiro público que seria gasto com merenda escolar foi usado na compra de uísque, caixas de vinho e até ração para cachorro em municípios do interior de Alagoas.
Investigação do Ministério Público Federal, Controladoria-Geral da União e Polícia Federal encontrou indícios de que em nove cidades do Estado parte do repasse federal destinado à compra de alimentos foi usada para pagar compras para a casa de pessoas ligadas às prefeituras. Estima-se um desvio de R$ 8 milhões em dois anos.
Ontem, a PF montou uma operação nas prefeituras de Girau do Ponciano, Poço das Trincheiras, Estrela de Alagoas, Senador Rui Palmeira, Belo Monte, Limoeiro de Anadia, Lagoa da Canoa, Traipu e Craíbas. Foram expedidos 16 mandados de prisão e 13 pessoas foram presas -a PF não divulgou nomes.
Quatro primeiras-damas, no entanto, tiveram mandados de prisão expedidos. Segundo a PF, elas faziam compras pessoais em mercados que forneciam alimentos ao município e assinavam notas promissórias pagas com dinheiro da merenda.
Segundo a PF, parte do dinheiro do contrato era "devolvido" em espécie pelos fornecedores, que cobravam uma comissão.
Durante visitas feitas a escolas, crianças disseram aos investigadores que comiam biscoito com café ou suco no lanche ou, então, cuscuz com carne seca.
Nos contratos, no entanto, estavam previstas compras de carne bovina e de frango, entre outros. Em algumas escolas, só havia merenda para metade do mês.
"Uma criança disse que devíamos visitá-los mais vezes porque naquele dia o lanche -pão com carne moída- estava bom", disse o delegado André Costa.
O Ministério da Educação repassa R$ 0,30 por dia por aluno da rede municipal. As prefeituras compram os alimentos e devem complementar o valor para que a merenda supra as necessidades nutricionais dos alunos.

PREFEITOS
Na força-tarefa que apura os supostos desvios, houve pedidos de prisão temporária de oito prefeitos em Alagoas, todos negados pela Justiça.
Estão sendo investigados os prefeitos de Poço das Trincheiras, José Gildo Rodrigues Silva (PSC); Estrela de Alagoas, José Almerino da Silva (PP); Senador Rui Palmeira, Siloé de Oliveira Moura (PSC); Belo Monte, Antônio Avânio Feitosa (PP); Limoeiro de Anadia, James Marlan Ferreira Barbosa (PP); Lagoa da Canoa, Jair Lira Soares (PSC); Traipu, Marcos Antonio dos Santos (PTB); e Craíbas, Edielson Barbosa Lima (PT do B).
Segundo a PF, não há indícios de ligação do prefeito de Girau do Ponciano, David Ramos de Barros (PTB), com o esquema.


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