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TRANSPORTE
Acusado de estelionato e de ter comprado empresa tendo como sócio um "laranja", Samy Jaroviski nega acusações
Dono da Cidade Tiradentes diz sofrer complô
DO "AGORA"
Internado no Hospital Penitenciário do Estado, o dono da viação
Cidade Tiradentes, Samy Jaroviski, diz estar em situação "desastrosa". Acusado de estelionato e
de ter comprado a empresa tendo
como sócio um "laranja" -um
homem que já está morto-, Jaroviski diz ser vítima de complô.
"Paguei pela empresa, acabei preso e não tenho nada", disse, ontem, em entrevista à reportagem.
Jaroviski comprou a viação em
janeiro deste ano, poucos dias antes de a SPTrans (empresa que gerencia o sistema de transportes na
capital) determinar uma intervenção na empresa, que tinha R$
35 milhões em dívidas trabalhistas. Em quatro meses, a prefeitura
injetou cerca de R$ 23 milhões na
Cidade Tiradentes.
"Não vi a cor desse dinheiro",
afirmou o empresário. "Aliás,
gostaria de saber das prestações
de contas dos gastos com a empresa. Parece que ninguém sabe,
não é?", questionou.
Jaroviski também nega ter oferecido dinheiro à vereadora
Myryam Athiê (PPS). Ao Ministério Público, o gerente da empresa,
Marcos José Cândido -que está
preso sob a mesma acusação de
Jaroviski- disse que Myryam
Athiê receberia R$ 250 mil da viação se conseguisse suspender a intervenção e garantir a participação da empresa no novo sistema
de transportes. "O senhor Marcos
perdeu o juízo. A Myryam simplesmente me apresentou aos diretores da SPTrans."
Segundo Jaroviski, a "ajuda" da
vereadora ocorreu por intermédio de uma relação de "amizade".
O empresário afirmou que foi
amigo do empresário Constantino Cury, pai de Silvia Cury, que,
por sua vez, é amiga de Myryam
Athiê. A vereadora disse que ajudou Samy Jaroviski para atender a
um pedido da amiga.
O empresário nega também ter
conhecido Luiz Favre, marido da
prefeita Marta Suplicy. Segundo
Gelson Camargo -acusado de
ser o mentor do golpe na viação-, o marido da prefeita seria
"padrinho" de um esquema que
envolve empresas de ônibus e a
prefeitura. "Gelson fala demais",
resumiu Jaroviski.
"Laranja"
Ontem à tarde, o Ministério Público tomou o depoimento de um
motorista de ônibus aposentado
que descobriu, ao renovar a carteira de habilitação, que possuía
em seu nome um veículo importado de luxo. O caso foi divulgado
ontem à noite pelo telejornal
"SPTV", da Rede Globo, que exibiu a entrevista preservando a
identidade da testemunha, que teria medo de mostrar o rosto. O
proprietário anterior do veículo
seria a "DVA Automóveis Limitada", que, segundo o Ministério
Público, não tem registro na Junta
Comercial de São Paulo.
"Como já existem indícios de
que alguns bens de alguns proprietários de viações foram transferidos para o nome de empregados, então isso pode servir também de estímulo para a prática
dessa ilegalidade", disse o promotor Sérgio Turra ao "SPTV".
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