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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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TRANSPORTE

Acusado de estelionato e de ter comprado empresa tendo como sócio um "laranja", Samy Jaroviski nega acusações

Dono da Cidade Tiradentes diz sofrer complô

DO "AGORA"

Internado no Hospital Penitenciário do Estado, o dono da viação Cidade Tiradentes, Samy Jaroviski, diz estar em situação "desastrosa". Acusado de estelionato e de ter comprado a empresa tendo como sócio um "laranja" -um homem que já está morto-, Jaroviski diz ser vítima de complô. "Paguei pela empresa, acabei preso e não tenho nada", disse, ontem, em entrevista à reportagem.
Jaroviski comprou a viação em janeiro deste ano, poucos dias antes de a SPTrans (empresa que gerencia o sistema de transportes na capital) determinar uma intervenção na empresa, que tinha R$ 35 milhões em dívidas trabalhistas. Em quatro meses, a prefeitura injetou cerca de R$ 23 milhões na Cidade Tiradentes.
"Não vi a cor desse dinheiro", afirmou o empresário. "Aliás, gostaria de saber das prestações de contas dos gastos com a empresa. Parece que ninguém sabe, não é?", questionou.
Jaroviski também nega ter oferecido dinheiro à vereadora Myryam Athiê (PPS). Ao Ministério Público, o gerente da empresa, Marcos José Cândido -que está preso sob a mesma acusação de Jaroviski- disse que Myryam Athiê receberia R$ 250 mil da viação se conseguisse suspender a intervenção e garantir a participação da empresa no novo sistema de transportes. "O senhor Marcos perdeu o juízo. A Myryam simplesmente me apresentou aos diretores da SPTrans."
Segundo Jaroviski, a "ajuda" da vereadora ocorreu por intermédio de uma relação de "amizade". O empresário afirmou que foi amigo do empresário Constantino Cury, pai de Silvia Cury, que, por sua vez, é amiga de Myryam Athiê. A vereadora disse que ajudou Samy Jaroviski para atender a um pedido da amiga.
O empresário nega também ter conhecido Luiz Favre, marido da prefeita Marta Suplicy. Segundo Gelson Camargo -acusado de ser o mentor do golpe na viação-, o marido da prefeita seria "padrinho" de um esquema que envolve empresas de ônibus e a prefeitura. "Gelson fala demais", resumiu Jaroviski.

"Laranja"
Ontem à tarde, o Ministério Público tomou o depoimento de um motorista de ônibus aposentado que descobriu, ao renovar a carteira de habilitação, que possuía em seu nome um veículo importado de luxo. O caso foi divulgado ontem à noite pelo telejornal "SPTV", da Rede Globo, que exibiu a entrevista preservando a identidade da testemunha, que teria medo de mostrar o rosto. O proprietário anterior do veículo seria a "DVA Automóveis Limitada", que, segundo o Ministério Público, não tem registro na Junta Comercial de São Paulo.
"Como já existem indícios de que alguns bens de alguns proprietários de viações foram transferidos para o nome de empregados, então isso pode servir também de estímulo para a prática dessa ilegalidade", disse o promotor Sérgio Turra ao "SPTV".


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