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SAÚDE
Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina, maioria dos profissionais é do sexo masculino e fez pós-graduação
Capitais concentram 62,1% dos médicos
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A maioria dos médicos brasileiros é formada por homens, reside
nas capitais e fez algum tipo de
curso de pós-graduação. Além
disso, 42,7% deles afirmam que
registraram queda na remuneração nos últimos sete anos, quando
a Fiocruz realizou um levantamento sobre o assunto.
Esse é o perfil da categoria que
está sendo traçado pelo CFM
(Conselho Federal de Medicina)
com base em 14.870 entrevistas
feitas com médicos de todo o país.
O CFM diz que há cerca de 283
mil profissionais no Brasil, o que
daria uma média de 1 médico para cada 618 moradores.
De acordo com a pesquisa,
62,1% dos médicos moram em capitais -onde vivem 41 milhões
(23,4%) dos 175 milhões de brasileiros- e apenas 37,9% estão em
cidades do interior.
Falta de médicos
Como 72,6% deles residem no
mesmo local onde trabalham, o
levantamento aponta que o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde do governo federal não tem conseguido levar profissionais para cidades menores.
O programa, que vem sendo rediscutido pelo Ministério da Saúde, tem o objetivo de levar atendimento básico à população de municípios com insuficiência de serviços médicos.
A pesquisa do CFM aponta ainda que a renda mensal do médico
está em US$ 1.667 (R$ 5.000), enquanto o valor desejado pelos entrevistados seria de US$ 3.300 (R$
9.900) por mês.
O levantamento "Pesquisa de
Qualificação, Trabalho e Qualidade de Vida do Médico" começou a
ser feito em setembro de 2002 e ficará pronto no segundo semestre.
O resultado parcial foi divulgado
no 10º Encontro Nacional de Entidades Médicas, que terminou ontem em Brasília e contou com a
participação de aproximadamente 500 profissionais.
Para o infectologista Mauro
Brandão, coordenador do encontro e conselheiro do CFM no Rio
de Janeiro, a falta de estabilidade
no emprego desestimula a mudança do médico para cidades
menores.
"Para estimular a participação,
deveria ser criado um plano de
carreira e salário no Sistema Único de Saúde. O problema hoje é a
insegurança do profissional, que
não tem vínculo empregatício",
afirma ele.
Segundo Brandão, existem prefeituras que chegam a oferecer
um salário de R$ 8.000, mas não
conseguem atrair candidatos por
não incluir benefícios como FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) ou 13º salário.
O infectologista afirmou que a
proposta de criação de um plano
de carreira e salário, com diretrizes nacionais, está incluída nas
reivindicações da "Carta de Brasília", documento com os principais pontos discutidos no evento.
A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou que a
pasta considera bem-vinda a carta de reivindicações e que quer recebê-la. Afirmou que, desde o início do ano, um representante da
pasta vem discutindo no Ministério do Planejamento a questão
profissional dos servidores públicos federais, que envolve um plano de carreira.
Na próxima quarta-feira, também será reinstalada a Mesa Nacional Permanente de Negociação
do SUS para tratar da carreira de
profissionais de saúde.
Faculdades
Outro ponto incluído na "Carta
de Brasília" é a preocupação com
a abertura de cursos de medicina.
Segundo Brandão, a categoria
quer que o governo não permita a
abertura de novas escolas e faça
uma avaliação das já existentes.
De acordo com o Ministério da
Educação, atualmente são 135
cursos autorizados no Brasil.
Para suspender o reconhecimento, é preciso que o curso tenha três conceitos D ou E consecutivos no provão e fique com insuficiente na Avaliação das Condições de Ensino. A última avaliação foi feita em 1999, mas está sendo retomada neste ano.
Pelas regras atuais, nenhum
curso da área está ameaçado de
perder reconhecimento.
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