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ADMINISTRAÇÃO
Paralisação dura 17 dias; medidas vão de descontos salariais a demissões; sindicato diz que é "terrorismo"
Campinas vai punir servidores em greve
RICARDO BRANDT
EDITOR DA FOLHA CAMPINAS
PAULO REDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A prefeita de Campinas, Izalene
Tiene (PT), vai punir os servidores públicos municipais, que estão em greve há 17 dias, com o
desconto nos salários dos dias parados e até com demissões.
Ontem foram publicados no
"Diário Oficial" do município
dois atos administrativos que permitem as punições. As medidas
foram classificadas de "terrorismo" pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.
Os servidores querem 30% de
aumento, mas a prefeitura já avisou que publicará um decreto nos
próximos dias com reajuste zero.
CUT e PT
Para o coordenador do sindicato dos servidores, Fábio Custódio,
as medidas adotadas pelo governo em meio ao impasse nas negociações salariais agravam ainda
mais a questão e devem provocar
um endurecimento dos manifestantes durante os piquetes.
"Vamos levar o caso para discussão nacional dentro da CUT
[Central Única dos Trabalhadores] e tentar fazer isso dentro do
próprio PT. Vamos propor uma
comissão de ética para o caso,
pois se trata de uma posição clara
de repressão contra um movimento grevista de direito."
A principal medida foi a criação
de uma comissão especial de sindicância para a apuração de "graves fatos ocorridos por ocasião
dos piquetes violentos".
Os dois principais episódios de
confronto entre servidores e governo ocorreram no dia 13 -oito
pessoas ficaram feridas e 13 sindicalistas foram detidos- e anteontem, quando a prefeita foi
hostilizada e dois secretários municipais sofreram agressões.
"As punições podem ser de advertência, suspensão e até mesmo
demissão", disse o secretário de
Governo e Gabinete, Lauro Camara Marcondes.
De acordo com Marcondes, a
decisão de abrir a comissão de
sindicância partiu da própria prefeita. "Não questionamos o direito de greve, mas acreditamos que
ocorreram abusos durante as manifestações", disse.
A comissão terá um prazo inicial de 30 dias, a contar da publicação no "Diário Oficial", para
apresentar um relatório.
Ontem, um grupo de cerca de
90 servidores da Setec (Serviços
Técnicos Gerais), de um total de
aproximadamente 400, tiveram
dias de trabalho descontados de
seus contracheques de maio.
O sindicato informou que vai
entrar na Justiça para contestar os
descontos de salário.
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