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No 1º mandato, Lula gastou 62% da verba de segurança
Neste ano, quando prepara um plano nacional, governo gastou 22% do total autorizado
Ministério da Justiça
aponta falhas ou lentidão em convênios com os governos estaduais como parte das causas
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está prestes a
aprovar um plano nacional para a segurança pública, gastou,
em seu primeiro mandato, 62%
do dinheiro que tinha disponível para investimentos nessa
área, segundo levantamento da
ONG Contas Abertas. Dos R$
2,7 bilhões autorizados no Orçamento, o governo de fato gastou R$ 1,7 bilhão, incluindo os
chamados "restos a pagar" de
anos anteriores.
De acordo com a Contas
Abertas, os investimentos em
segurança pública incluem os
seguintes braços do Ministério
da Justiça: Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Federal, Fundo
Penitenciário Nacional, Fundo
de Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim
da PF e Fundo Nacional de Segurança Pública.
Segundo o secretário-executivo da Justiça, Luiz Paulo Barreto, parte disso pode se justificar por problemas com os governos estaduais. Ou seja, a
União tem o dinheiro em caixa
reservado para determinada
obra (um presídio, por exemplo), mas não faz o pagamento
devido a falhas nos convênios
ou simplesmente pela lentidão
em sua execução.
"[Os convênios] São valores
altos e acabam pesando [no
percentual de gastos com segurança pública]", disse Barreto,
que espera conseguir, num médio prazo, ajudar os Estados a
terem "mais responsabilidade
na execução dos convênios".
O levantamento do Contas
Abertas, com base em dados do
Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais) e feito a pedido da Folha, mostra
também o andamento dos investimentos neste ano. Em segurança, segundo a ONG, foram gastos até anteontem 22%
(R$ 210 milhões) do total autorizado (R$ 951 milhões).
O volume deste ano representa 51% do que foi gasto pelo
governo em todo o ano passado. O Pan do Rio de Janeiro e o
andamento do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
ajudaram a inflar esse valor.
"Além dos gastos com investimentos, como a construção
de presídios, há, dentro do custeio, o pagamento de diárias,
compra de armamento, treinamento, gastos com combustível da Polícia Rodoviária", disse Barreto à reportagem.
Ontem, o ministério informou que, somados lançamentos em custeio e investimentos
entre 2003 e 2006, a pasta conseguiu gastar 96% do que estava disponível. "Todo o dinheiro
que temos estamos usando. E
queremos usar bem esse dinheiro. Se [a equipe econômica] nos der o dobro [do Orçamento], vamos saber gastá-lo."
Para melhorar esses gastos e
integrar ações de segurança
pública com programas sociais
do governo, Lula encomendou
a seus auxiliares um "PAC da
Segurança". Hoje pela manhã,
no Planalto, o presidente receberá do ministro Tarso Genro
uma versão preliminar.
O Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania) será debatido
por um mês na sociedade antes
de ser enviado para votação no
Congresso, por meio de decretos e medidas provisórias.
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