São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve nas universidades se espalha pelo interior de SP

Alunos da Unesp invadiram prédios em cinco cidades; movimento critica decretos de Serra

Na Unicamp, a paralisação parcial das universidades estaduais afeta 15% das aulas; invasão da reitoria em São Paulo já dura 28 dias

DA AGÊNCIA FOLHA

A greve parcial das universidades públicas paulistas avança pelo interior do Estado e já afeta dez dos 32 institutos da Unesp e 15% das aulas da Unicamp. Na USP, onde os alunos invadiram há 28 dias a reitoria, professores também paralisaram parcialmente as atividades em algumas unidades. Os manifestantes pedem o fim dos decretos do governador José Serra (PSDB), que, segundo eles, ferem a autonomia das universidades -além de melhoras na infra-estrutura das faculdades e mais moradias estudantis. O governo nega que tenha a intenção de reduzir o poder das universidades. As negociações estão emperradas.
Em cinco unidades da Unesp (Rio Claro, Franca, Presidente Prudente, Ilha Solteira e Assis), estudantes invadiram prédios da universidade. Segundo lideranças, cerca de 500 alunos participam do movimento. Os estudantes que ocupam o Instituto de Biociências em Rio Claro promovem apresentações musicais dentro do prédio invadido. "Temos um grande apoio pacífico da comunidade", diz Francisco Nery da Silva, 21, estudante de biologia.
Na terça-feira, também houve invasões de estudantes na Unesp em Ilha Solteira, Assis e Presidente Prudente. Os alunos de Ilha Solteira e de Presidente Prudente espalharam colchonetes no saguão do prédio da diretoria. Em Ilha Solteira, estudantes fizeram ontem passeata do campus até o centro da cidade. Além da revogação dos decretos do governo estadual, pedem melhorias na moradia estudantil, que, segundo eles, tem cupim no forro e goteiras.
A assessoria da Unesp confirma que a paralisação de funcionários e docentes atinge dez dos 32 institutos. Parte dos professores e funcionários apóia os protestos nas unidades ocupadas. Em assembléia na terça, em Rio Claro, por exemplo, 40 dos 160 docentes decidiram apoiar a invasão. "A reivindicação é justa. O prédio é público, e a ocupação, ordeira", diz o professor Carlos Alberto Anaruma, do Departamento de Educação Física.
Na Unicamp, há paralisação em seis das 20 unidades, segundo a assessoria da universidade. Quatro institutos e faculdades da área de ciências humanas estão completamente sem atividades. Na Faculdade de Educação Física e no Instituto de Geociências, a greve é parcial. O sindicato dos professores da Unicamp diz que a adesão vem crescendo nos últimos dias. Segundo o presidente da entidade, Valério José Arantes, como alunos e funcionários vêm entrando em greve, os professores têm sido forçados a também paralisar atividades.
Para hoje, está programada uma caminhada de professores e alunos partindo do campus da USP no Butantã, às 12h45, até o Palácio dos Bandeirantes. (VERENA FORNETTI E FELIPE BÄCHTOLD)


Colaborou FABRÍCIO FREIRE GOMES, da Folha Ribeirão


Texto Anterior: Ameaça: Equipe da TV Bandeirantes é intimidada por traficantes no Rio
Próximo Texto: UNE prepara protesto contra o governo Lula
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.