|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Camelôs fazem novo protesto contra expulsão de ilegais
Subprefeito foi perseguido e teve que fugir em carro que acabou depredado
Chefe de fiscalização da Subprefeitura da Mooca foi agredido a socos, chutes e pauladas; comércio no Brás teve de fechar as portas
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo segundo dia consecutivo, camelôs tomaram as ruas da
região do Brás, na área central
de São Paulo, contra a ação da
prefeitura de expulsar os ambulantes ilegais, em mais um
protesto violento. Pelo menos
uma pessoa ficou ferida, e as
portas do comércio foram fechadas em parte da manhã.
A primeira ação violenta
ocorreu por volta das 9h quando o subprefeito da Mooca,
Eduardo Odloak, que visitava a
região, foi perseguido por cerca
de 150 manifestantes e fugiu do
local num carro oficial do município, que foi depredado.
"Eu pensei que a manchete
fosse ser outra: "Camelôs matam subprefeito'", brincou
Odloak, já na subprefeitura.
Quem não teve a mesma sorte foi o chefe de fiscalização da
Subprefeitura da Mooca, Luís
Cesar Costa, 25, que foi agredido a socos, chutes e pauladas.
"Me atiraram até tênis. Praticamente fui linchado. Tive que
me esconder na base da PM",
afirmou o fiscal, que apresentava marcas vermelhas no rosto.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL),
visitou no começo da tarde a
Subprefeitura da Mooca para
prestar apoio aos funcionários.
"O importante é a sensação do
dever cumprido", disse o prefeito aos subordinados.
Anteontem, seis camelôs ficaram feridos após confronto
com policiais militares. Eles
tentavam invadir as lojas e determinar o fechamento delas.
Os vendedores reclamam da
posição da prefeitura em não
querer negociar o aumento do
número de autorizações de
funcionamento de barracas
além das 602 já distribuídas.
Pelo menos 2.000 camelôs ficaram excluídos dessa lista.
A ação da prefeitura vem sendo estruturada há mais de um
ano, mas somente na última
sexta-feira foi desencadeada.
"O pessoal está extremamente revoltado porque ele
[Odloak] não abre diálogo de
jeito nenhum", disse o presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes, Afonso José da Silva, 37.
Silva afirma, também, que a
subprefeitura descumpre a legislação ao suprir o direito de
diálogo dos camelôs nas reuniões do CPA (Comissão Permanente de Ambulantes). "Ele
só comunica suas decisões.
Amanhã [hoje] às 5h, nós vamos para lá montar nossas barracas. Se tentarem impedir, vai
ter confronto", disse ele.
Odloak afirmou, por sua vez,
que a prefeitura não permitirá
barracas não autorizadas principalmente no largo da Concórdia, que foi reformado a um
custo de R$ 1 milhão.
Kassab disse que o município
considera a questão social do
emprego dos ambulantes e, por
isso, há um trabalho para encontrar lugares para abrigá-los.
Texto Anterior: Bate-papo: Repórter fala na Folha Online sobre invasão na USP Próximo Texto: Para associação de lojistas, clima de tensão é "um mal necessário" Índice
|