São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Camelôs fazem novo protesto contra expulsão de ilegais

Subprefeito foi perseguido e teve que fugir em carro que acabou depredado

Chefe de fiscalização da Subprefeitura da Mooca foi agredido a socos, chutes e pauladas; comércio no Brás teve de fechar as portas

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo dia consecutivo, camelôs tomaram as ruas da região do Brás, na área central de São Paulo, contra a ação da prefeitura de expulsar os ambulantes ilegais, em mais um protesto violento. Pelo menos uma pessoa ficou ferida, e as portas do comércio foram fechadas em parte da manhã.
A primeira ação violenta ocorreu por volta das 9h quando o subprefeito da Mooca, Eduardo Odloak, que visitava a região, foi perseguido por cerca de 150 manifestantes e fugiu do local num carro oficial do município, que foi depredado.
"Eu pensei que a manchete fosse ser outra: "Camelôs matam subprefeito'", brincou Odloak, já na subprefeitura.
Quem não teve a mesma sorte foi o chefe de fiscalização da Subprefeitura da Mooca, Luís Cesar Costa, 25, que foi agredido a socos, chutes e pauladas. "Me atiraram até tênis. Praticamente fui linchado. Tive que me esconder na base da PM", afirmou o fiscal, que apresentava marcas vermelhas no rosto.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL), visitou no começo da tarde a Subprefeitura da Mooca para prestar apoio aos funcionários. "O importante é a sensação do dever cumprido", disse o prefeito aos subordinados.
Anteontem, seis camelôs ficaram feridos após confronto com policiais militares. Eles tentavam invadir as lojas e determinar o fechamento delas. Os vendedores reclamam da posição da prefeitura em não querer negociar o aumento do número de autorizações de funcionamento de barracas além das 602 já distribuídas. Pelo menos 2.000 camelôs ficaram excluídos dessa lista.
A ação da prefeitura vem sendo estruturada há mais de um ano, mas somente na última sexta-feira foi desencadeada.
"O pessoal está extremamente revoltado porque ele [Odloak] não abre diálogo de jeito nenhum", disse o presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes, Afonso José da Silva, 37.
Silva afirma, também, que a subprefeitura descumpre a legislação ao suprir o direito de diálogo dos camelôs nas reuniões do CPA (Comissão Permanente de Ambulantes). "Ele só comunica suas decisões. Amanhã [hoje] às 5h, nós vamos para lá montar nossas barracas. Se tentarem impedir, vai ter confronto", disse ele.
Odloak afirmou, por sua vez, que a prefeitura não permitirá barracas não autorizadas principalmente no largo da Concórdia, que foi reformado a um custo de R$ 1 milhão.
Kassab disse que o município considera a questão social do emprego dos ambulantes e, por isso, há um trabalho para encontrar lugares para abrigá-los.


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