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Promotoria investiga se IPT fez laudo para favorecer HC
Parecer apontou cortes em cabos como provável causa do incêndio no Natal de 2007
Ministério Público Estadual questiona o fato de somente engenheiros civis, e não elétricos, terem assinado o documento
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual investiga se o parecer produzido pelo IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas) sobre
as causas do incêndio no Hospital das Clínicas de São Paulo
na noite do Natal de 2007 foi
direcionado para atender aos
interesses da direção do HC.
Com o documento, que
apontou como provável causa
do incêndio cortes em cabos de
energia elétrica, a superintendência do hospital sustenta a
tese de que o incêndio foi resultado de uma tentativa de furto
desses cabos.
Essa versão afastou, em tese,
a principal suspeita sobre os
motivos do acidente que pairavam até então e vista como prejudicial à direção do HC: de o
incêndio ter sido causado por
motivos relacionados à falta de
manutenção do prédio, inclusive da própria rede elétrica.
O que reforça a suspeita dos
promotores são os depoimentos de dois engenheiros elétricos ouvidos no inquérito do Ministério Público. Eles foram
unânimes em afastar como
causa do incêndio uma eventual tentativa de furto, já que as
características dos cortes nos
fios e a seqüência da falta de
energia não seguem a lógica
desse tipo de crime.
"O seccionamento dos fios na
diagonal teria uma justificativa
diferente daquela a que chegou
o IPT. A pessoa também poderia morrer eletrocutada. E outra: no momento que seccionasse um cabo, um fio, o próprio hospital teria alguma sinalização disso. Alguma área do
hospital apagaria. O laudo do
IPT diz que o apagão se deu
quase que simultaneamente,
logo em seguida à detecção do
incêndio", afirmou o promotor
José Carlos Freitas (Habitação), um dos responsáveis pela
investigação.
A principal indagação da Promotoria é por que o IPT usou
na investigação do incêndio
apenas engenheiros civis, e não
um engenheiro elétrico, já que
um problema na rede seria uma
possível linha de apuração.
Os técnicos e a direção do
IPT terão de dar explicações
sobre isso. Os dois engenheiros
que assinaram o parecer devem
ser chamados já na próxima semana. "O Ministério Público
não vai fazer nenhum juízo de
valor agora, mas acha estranho
que engenheiro civil faça um
laudo também abarcando questões de engenharia elétrica",
disse o promotor Freitas.
"Quando o laudo tratou de
análise química, essa parte do
laudo foi encaminhada para os
engenheiros químicos. No que
diz respeito à parte elétrica, isso não foi feito. Essa dúvida nós
vamos colocar aos engenheiros
do IPT para esclarecerem. Por
que houve essa análise por profissionais que não são da
área?", disse.
"Nós imaginamos que o laudo tenha pelo menos uma lacuna, que é essa investigação de
causas fora do âmbito do conhecimento de engenheiro civil", afirmou Freitas.
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