São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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PLANOS DE SAÚDE

Conselho de medicina quer aumentar adesão ao movimento contra oito seguradoras iniciado ontem em São Paulo

CRM tenta atrair clínica e hospital a boicote

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo realizaria uma reunião ontem à noite com o objetivo de convencer clínicas e hospitais a aderir ao boicote contra oito seguradoras de saúde iniciado ontem por médicos da capital paulista. Com duração indeterminada, o movimento é contra os valores pagos pelas empresas aos profissionais.
Durante o boicote, a orientação aos médicos da rede das seguradoras -aqueles que constam nos catálogos das empresas- é que atendam apenas pelo sistema de reembolso: o cliente paga pelo atendimento e depois busca recuperar o valor na empresa. Os valores cobrados são os referenciais acertados pela categoria (R$ 42 para consulta, por exemplo), não os definidos nas tabelas das empresas de saúde.
No sistema normal, os profissionais referenciados atendem com guias: o segurado não paga nada na hora, e o profissional recebe diretamente da operadora.
O sindicato de clínicas e hospitais do Estado de São Paulo vetou que os recibos para reembolso saiam das tesourarias dos estabelecimentos a ele filiados, o que pode atrapalhar o movimento porque a maioria dos médicos tem algum vínculo com as unidades.
Segundo o diretor de defesa profissional da APM (Associação Paulista de Medicina), Florisval Meinão, a adesão dos estabelecimentos seria "um grande reforço" ao boicote, embora, disse ele, ontem tenha havido uma participação expressiva dos médicos.
As entidades só deverão ter um balanço do movimento na segunda, mas Meinão disse que sua avaliação se baseia nas ligações médicos em busca de informações recebidas pelas entidades. O CRM atendeu a 350 chamadas.
A Fenaseg criticou, em nota, o movimento, afirmando que "as seguradoras de saúde são as operadoras que pagam os maiores valores de consultas e honorários médicos e em menor prazo: R$ 34 para consultas de segurados de planos coletivos e até R$ 30 para planos individuais".
Antônio José da Silva, 57, que é associado ao Bradesco Seguros, paga R$ 1.600 por mês à empresa e não gostou de ter de pagar a consulta ontem. "Ja é um absurdo de caro e ainda terei de pagar pela consulta", afirmou ele, no consultório do ginecologista de sua mulher, Neuza Legnare, 55.
Cerca de cem médicos do Incor também aderiram ao movimento, segundo o médico Miguel Moretti, que representa o grupo.
Em algumas clínicas, como na Clinical Center Penha (zona norte), pelo menos cinco consultas foram desmarcadas pelos pacientes quando eles souberam que teriam de pagar e depois pedir reembolso. Em outras, médicos não aderiram. "Tenho um compromisso ético com meus pacientes", disse Maria Jacob, que trabalha na Medical Center (zona sul).


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