São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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outro lado

Médico não furou fila de transplantes, dizem advogadas

Para as defensoras, Joaquim Ribeiro Filho é vítima de uma perseguição política por criticar as deficiências do setor

DA SUCURSAL DO RIO

As advogadas Simone Kamenetz e Elizabeth Haimenis, que cuidam das causas cíveis do médico Joaquim Ribeiro Filho, preso ontem pela Polícia Federal sob acusação de fraudar a fila de transplante de fígado no Rio, afirmaram que seu cliente "não é chefe de quadrilha", como acusa a Polícia Federal, não "furou a fila" de transplantes e é um médico de "caráter". Ribeiro Filho é professor da UFRJ e ex-coordenador da central de transplantes do Rio.
De acordo com as advogadas, Ribeiro Filho é vítima de perseguição política por criticar as deficiências do sistema de transplantes após sua saída da função de coordenador do órgão que controla a lista de espera por transplantes.
De acordo com elas, o médico tentou ser ouvido pela Polícia Federal diversas vezes neste caso, mas não foi atendido. O advogado criminal de Ribeiro Filho, Paulo Freitas, foi procurado, mas não ligou de volta.
"É um médico combativo, persona non grata no governo do Estado, o que repercute contra ele hoje", afirmou Simone Kamenetz.
De acordo com Elizabeth Haimenis, uma ação de Ribeiro Filho que demonstra o seu caráter e sua preocupação com a vida dos pacientes aconteceu há duas semanas, quando, "muito preocupado" com a saúde de um paciente, pediu a intervenção das advogadas.
"Havia um órgão disponível para um paciente da fila, mas a Secretaria de Saúde o impediu de fazer o transplante, alegando que ainda estava suspenso, o que não era verdade. Preocupado com o estado do paciente, vindo de Petrópolis, pediu que ajudássemos, quando o normal seria que o advogado do paciente recorresse à Justiça. Quando conseguimos a liberação, o coração do doador tinha parado e o órgão ficou imprestável", afirmou Elizabeth Haimenis.
"O pensamento dele é: "Vamos salvar uma vida e pronto", acrescentou a advogada.

Clínica
A Clínica São Vicente afirmou, em nota, estar credenciada há dez anos para fazer transplantes de fígado e outros órgãos. É o único hospital particular na cidade do Rio credenciado para essa tarefa.
A clínica informou ser uma "instituição de corpo clínico aberto" e que "apenas participa do processo oferecendo suas instalações a equipes credenciadas". De acordo com a São Vicente, a coordenação da distribuição de órgãos para pacientes beneficiados é de responsabilidade única e exclusiva da central de transplantes.
A UFRJ não se pronunciou sobre o caso.


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