São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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TABAGISMO

Fumantes tratados pela Santa Casa do Rio disseram depender física (68%) ou psicologicamente (86%) do cigarro

Pesquisa mostra aumento da dependência

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma pesquisa realizada com pacientes fumantes atendidos de agosto de 2000 a julho de 2002 na Santa Casa de Misericórdia do Rio mostra que 68% deles tinham dependência física em relação ao cigarro e 86,32%, dependência psicológica.
Houve um aumento dos níveis de dependência em relação ao primeiro período do estudo, de fevereiro de 1998 a julho de 2000. Nessa fase, 29,18% tinham dependência física, e 70,07%, dependência psicológica.
A dependência física provoca no fumante, na ausência do cigarro, efeitos da síndrome de abstinência: inquietação, irritabilidade, ansiedade, depressão, queda da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, constipação intestinal, dificuldade da concentração e aumento do apetite, entre outros.
A dependência psicológica faz com que o fumante procure o cigarro quando está nervoso, para se acalmar. O paciente pode ter mais de um tipo de dependência.
Foram analisados os prontuários de 570 pacientes na primeira fase do estudo e de 740 na segunda fase. O objetivo do trabalho era traçar o perfil dos pacientes atendidos no serviço, que há sete anos oferece tratamento para fumantes que querem deixar o cigarro.

Evento
Amanhã a equipe da Santa Casa promove um evento de combate ao fumo na praia do Leblon (zona sul), junto com a Sociedade Brasileira de Cancerologia. Cigarros serão trocados por brindes.
Para a coordenadora do Programa de Dependência de Nicotina da Santa Casa, a psiquiatra Analice Gigliotti, o aumento nos níveis de dependência indica que procuram o serviço do hospital pacientes graves, com alto nível de dependência da nicotina.
Ao mesmo tempo, diante do aumento do movimento antitabagista, fumantes leves ou com melhor grau de informação estariam conseguindo ajuda em outros centros e com outros profissionais, como médicos particulares, ou deixando de fumar sozinhos. "O nível de escolaridade dos nossos pacientes caiu. Isso me faz pensar que fumantes de nível social mais alto estão sendo orientados em outros lugares", afirma.
Dos pacientes atendidos de fevereiro de 1998 a julho de 2000, 35% conseguiram ficar mais de um ano sem fumar -segundo estudos especializados, 90% dos que ultrapassam a marca de um ano nunca retomam o hábito.
O tratamento inclui medicamentos, adesivos de nicotina e sessões semanais de psicoterapia em grupo. As sessões são gratuitas para pacientes carentes, e quem pode paga uma taxa simbólica semanal.


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