São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2005

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Médicos, OAB e igreja são contra

DA FOLHA RIBEIRÃO

A intenção do recepcionista Jeson de Oliveira de obter da Justiça autorização para realizar a eutanásia no filho não encontra respaldo da Igreja Católica, da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo) nem do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
O presidente do Cremesp, Isac Jorge Filho, afirma entender o sofrimento do pai nos últimos anos, mas disse que a prática é proibida por lei e não pode ser realizada.
"Nunca ninguém conseguiu. Não vejo abertura alguma na lei que permita a prática. Entendo o drama dele, mas isso não significa que ele possa matar o filho pelo fato de o quadro ser irreversível", afirmou o Jorge Filho.
Márcia Regina Machado Melaré, vice-presidente da OAB-SP, tem a mesma opinião. Para ela, a eutanásia é uma morte assistida e só pode ocorrer com autorização judicial, o que considera difícil que ocorra. "O que existe é uma proposta sobre o assunto que foi colocada em debate pelo Ministério da Saúde. Nada mais."
Ela afirmou também que, ainda que o pai obtenha autorização judicial, isso não significa que ele conseguirá a eutanásia. "O médico pode se recusar a fazer, por princípios éticos ou religiosos. O pai, então, teria que procurar algum médico para cumprir a determinação judicial", afirmou.
Para dom Caetano Ferrari, bispo coadjutor de Franca, a posição da Igreja Católica é clara: "Somos a favor da vida e contra a prática da eutanásia. Sempre há esperança de vida".
Neste mês, após sua assembléia geral, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou documento no qual reivindica aos "poderes constituídos em todos os níveis que recusem projetos que atentem contra a dignidade da vida humana e da família, particularmente no que diz respeito à descriminalização ou legalização do aborto e da eutanásia".


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