São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

McDonald's promete baixar gordura trans até dezembro

Rede no Brasil afirma que trocará a composição do óleo utilizado nas frituras

Estudo indica que quantidade dessa gordura, que aumenta risco cardíaco, na batata frita da rede varia de um país para outro

CLÁUDIA COLLUCCI
MARIANA TAMARI

DA REPORTAGEM LOCAL A rede McDonald's brasileira promete reduzir até dezembro os níveis de gordura trans para "próximo de zero" em todos os produtos que contenham fritura, como as batatas fritas e os empanados. Atualmente, uma porção de batata frita grande tem 5,9 g dessa gordura.
Segundo a rede, haverá alteração na composição de sementes usadas no óleo para a fritura. No Brasil, a rede adota 80% de soja e 20% de algodão. Não foi informada a nova composição, mas a rede garante que não haverá diferença de sabor.
Recente estudo publicado no periódico científico "New England Journal of Medicine" constatou que o consumo diário de 5 g de gordura trans aumenta em 25% o risco cardíaco. O principal problema dessa gordura -produzida em um processo químico que transforma o óleo vegetal líqüido em gordura sólida- é aumentar o colesterol ruim (LDL) e diminuir o bom (HDL).
A pesquisa, conduzida por cientistas dinamarqueses, verificou que a quantidade de gordura trans na porção de batata frita grande varia de de 1 g no McDonald's da Dinamarca a 10 g na mesma rede em Nova York. O trabalho avaliou batatas fritas e nuggets de frango das redes McDonald's e KFC em 20 países entre novembro de 2004 e setembro de 2005.
O Brasil não entrou na pesquisa, mas ficaria numa posição próxima à Espanha, que tem 5 g de gordura trans em suas batatas fritas -a porção grande do produto tem 5,9 g, a média, 4,2 g, e a pequena, 3 g.
Segundo os médicos, a gordura trans não deve representar mais do que 1% das calorias diárias ingeridas. Ou seja, numa dieta de 2000 calorias, 2,2 g.
Um dos autores da pesquisa, Steen Stender, do Hospital Universitário Gentofte (Dinarmarca), afirmou à Folha que a quantidade de gordura trans na Dinamarca é menor porque desde 2004 o país introduziu leis restritivas ao consumo desse tipo de gordura. Todo alimento industrializado não pode ter além de 2 g de trans.
No Brasil, não há leis desse tipo, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) passou a exigir, a partir deste mês, que as gorduras trans sejam discriminadas nos rótulos.
Além das leis restritivas, Stender explicou que a variação da quantidade de gordura entre os países ocorre em razão dos processos industriais envolvidos na fabricação do alimento. Por exemplo, quanto mais reaproveitado é o óleo usado para fritar as batatas ou os nuggets de frango, maior é o índice de gordura trans.
Já a diretora de comunicação do McDonald's no Brasil, Flávia Vigio, disse que a grande diferença entre as quantidades de gordura nos mesmos produtos em diferentes países se deve à composição de sementes usadas nos óleos para a fritura. "Há ingredientes desses óleos que mudam conforme a disponibilidade local", afirmou ela.
"É mudando essa combinação de sementes que afirmamos que, até o final do ano, nossos produtos fritos terão uma quantidade de gordura trans muito próxima a zero."

Saúde
O cardiologista Sérgio Timmerman, do Incor (Instituto do Coração), disse que, além de afetar os níveis de colesterol, a gordura trans altera a parede dos vasos sangüíneos da artéria. "É altamente aterogênica. Ninguém tem dúvida disso."
Segundo Timmerman, existem estudos mostrando que essa gordura representa risco cardíaco, independentemente de a pessoa ter outros riscos, como ser fumante, ter taxas de colesterol ruins, entre outros.
Para os nutrólogos e nutricionistas, a gordura trans não traz nenhum benefício. Portanto, o ideal seria não ser consumida, porque não há recomendação de qual é o limite diário aceitável.


Texto Anterior: Agência ambiental cerca dunas de Genipabu para tentar barrar buggy
Próximo Texto: [!] Foco: Com medo, moradores se mobilizam para manter canil da PM no Campo Belo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.