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McDonald's promete baixar gordura trans até dezembro
Rede no Brasil afirma que trocará a composição do óleo utilizado nas frituras
Estudo indica que quantidade dessa gordura, que aumenta risco cardíaco, na batata frita da rede varia de um país para outro
CLÁUDIA COLLUCCI
MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A rede McDonald's brasileira
promete reduzir até dezembro
os níveis de gordura trans para
"próximo de zero" em todos os
produtos que contenham fritura, como as batatas fritas e os
empanados. Atualmente, uma
porção de batata frita grande
tem 5,9 g dessa gordura.
Segundo a rede, haverá alteração na composição de sementes usadas no óleo para a
fritura. No Brasil, a rede adota
80% de soja e 20% de algodão.
Não foi informada a nova composição, mas a rede garante que
não haverá diferença de sabor.
Recente estudo publicado no
periódico científico "New England Journal of Medicine"
constatou que o consumo diário de 5 g de gordura trans aumenta em 25% o risco cardíaco.
O principal problema dessa
gordura -produzida em um
processo químico que transforma o óleo vegetal líqüido em
gordura sólida- é aumentar o
colesterol ruim (LDL) e diminuir o bom (HDL).
A pesquisa, conduzida por
cientistas dinamarqueses, verificou que a quantidade de gordura trans na porção de batata
frita grande varia de de 1 g no
McDonald's da Dinamarca a 10
g na mesma rede em Nova
York. O trabalho avaliou batatas fritas e nuggets de frango
das redes McDonald's e KFC
em 20 países entre novembro
de 2004 e setembro de 2005.
O Brasil não entrou na pesquisa, mas ficaria numa posição próxima à Espanha, que
tem 5 g de gordura trans em
suas batatas fritas -a porção
grande do produto tem 5,9 g, a
média, 4,2 g, e a pequena, 3 g.
Segundo os médicos, a gordura trans não deve representar mais do que 1% das calorias
diárias ingeridas. Ou seja, numa dieta de 2000 calorias, 2,2 g.
Um dos autores da pesquisa,
Steen Stender, do Hospital
Universitário Gentofte (Dinarmarca), afirmou à Folha que a
quantidade de gordura trans na
Dinamarca é menor porque
desde 2004 o país introduziu
leis restritivas ao consumo desse tipo de gordura. Todo alimento industrializado não pode ter além de 2 g de trans.
No Brasil, não há leis desse
tipo, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
passou a exigir, a partir deste
mês, que as gorduras trans sejam discriminadas nos rótulos.
Além das leis restritivas,
Stender explicou que a variação da quantidade de gordura
entre os países ocorre em razão
dos processos industriais envolvidos na fabricação do alimento. Por exemplo, quanto
mais reaproveitado é o óleo
usado para fritar as batatas ou
os nuggets de frango, maior é o
índice de gordura trans.
Já a diretora de comunicação
do McDonald's no Brasil, Flávia Vigio, disse que a grande diferença entre as quantidades
de gordura nos mesmos produtos em diferentes países se deve à composição de sementes
usadas nos óleos para a fritura.
"Há ingredientes desses óleos
que mudam conforme a disponibilidade local", afirmou ela.
"É mudando essa combinação de sementes que afirmamos que, até o final do ano,
nossos produtos fritos terão
uma quantidade de gordura
trans muito próxima a zero."
Saúde
O cardiologista Sérgio Timmerman, do Incor (Instituto do
Coração), disse que, além de
afetar os níveis de colesterol, a
gordura trans altera a parede
dos vasos sangüíneos da artéria. "É altamente aterogênica.
Ninguém tem dúvida disso."
Segundo Timmerman, existem estudos mostrando que essa gordura representa risco
cardíaco, independentemente
de a pessoa ter outros riscos,
como ser fumante, ter taxas de
colesterol ruins, entre outros.
Para os nutrólogos e nutricionistas, a gordura trans não
traz nenhum benefício. Portanto, o ideal seria não ser consumida, porque não há recomendação de qual é o limite
diário aceitável.
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