São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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BARBARA GANCIA

Final feliz?


Disse e repito: a Procuradoria apresentou uma peça precipitada, inepta e sem fundamento em provas


DIGA-ME UMA COISA , você, meu nobre leitor, que acompanha pela imprensa o caso do ex-prefeito Paulo Maluf, acusado de desviar dinheiro público e de ter contas não-declaradas no exterior: se ainda guarda na memória as imagens dos mais de 20 kg de papelada referentes a essas supostas contas, será que você, excelente leitor, ainda nutre alguma esperança de que os 40 mensaleiros denunciados nesta semana sejam condenados pelos crimes que possam ter cometido?
Eu sei, eu sei. No momento, não parece nada alentadora a situação de luminares como Marcos Valério, Delúbio Soares, Valdemar da Costa Neto, João Paulo Cunha e do réu confesso Roberto Jefferson. Mas será que, no frigir dos ovos, a justiça será devidamente aplicada?
Já disse aqui e reitero: a Procuradoria Geral da República apresentou uma peça precipitada, inepta e sem fundamento em provas. Longe de mim duvidar das boas intenções ou da competência do procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, mas conhecendo como a gente conhece o caso Maluf, será que alguém ainda se ilude de que, desta vez, as coisas vão ser diferentes?
Promotores e procuradores, até mesmo os da Procuradoria Geral, não têm como competir contra os melhores escritórios de advocacia do país, que os réus do processo contrataram a peso de ouro.
Sabemos, por exemplo, que Paulo Maluf emprega o mesmo tipo de arsenal de que agora dispõem os acusados no caso do mensalão. Sabemos que equipes preparadíssimas, encabeçadas por brilhantes especialistas criminais, com meios irrestritos à disposição, irão trabalhar dia e noite para absolver os ditos "mensaleiros" assim como um escritório com mais de cem profissionais de primeira linha trabalha para absolver Maluf. Dá para sonhar com um desfecho promissor?
Por conta do telefonema divulgado ontem por Vera Magalhães da Folha, em que Ricardo Lewandowski (ministro nomeado por Lula) admite que o Supremo Tribunal Federal só acatou as denúncias para aplacar a ira da sociedade, como podemos ignorar as falhas técnicas na peça apresentada pelo procurador Antonio Fernando de Souza? Se o próprio ministro admite que o STF está jogando para a platéia, quem somos nós para duvidar?
Tem mais: o procurador De Souza prometeu apresentar provas contundentes, na forma de laudos que comprovariam desvio de dinheiro. Onde estão essas provas? Até agora ninguém as viu.
Você ainda duvida de que as denúncias apresentadas ao STF foram mal formuladas? Então analise apenas o caso de José Genoino. O ex-presidente do PT foi acusado de peculato. O STF por unanimidade rejeitou a acusação. Foi acusado de quatro atos de corrupção ativa. Duas foram unanimemente rejeitadas. Outras duas foram recebidas com divergências. Repare que o julgamento do STF referiu-se apenas à viabilidade técnica das denúncias para iniciar as ações contra os ditos "mensaleiros". Daí à eventual condenação vai uma légua e meia.

Take me back to Piauí
O "cansado" Paulo Zottolo, presidente da Philips que andou desancando o nobre estado do Piauí, é casado com uma nativa de Teresina!

barbara@uol.com.br

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