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Impeachment no XI de agosto passa em 1ª assembléia
Maioria dos alunos do direito da USP pediu o afastamento de presidente do centro acadêmico; votação termina hoje
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudantes da Faculdade de
Direito do Largo São Franciso,
da USP, fizeram na noite de ontem votação prévia do impeachment do presidente do
Centro Acadêmico XI de Agosto, Ricardo Ribeiro.
A votação continua hoje, em
nova assembléia, voltada para
os estudantes do período matutino. Ao menos no período da
noite, a grande maioria se manifestava contrária ao centro
acadêmico e favorável à destituição do presidente.
O pivô da briga é o apoio dado
pelo centro acadêmico à invasão da faculdade no dia 21 por
movimentos sociais (como
UNE e MST, que levou até
crianças para "acampar" no local) e estudantes, que reivindicavam melhoras na educação
brasileira.
Ribeiro diz que, apesar de alguns membros do centro acadêmico estarem sabendo da invasão, não houve apoio formal.
A votação aconteceu no Salão
Nobre da faculdade, cedido, segundo os alunos, por João
Grandino Rodas, diretor da faculdade. Os estudantes mostraram à Folha carta assinada por
Rodas autorizando a invasão,
justificando que a Sala dos Estudantes, palco tradicional para esse tipo de atividade, estava
ocupada por outro evento.
O texto também anunciava
reforço na segurança da faculdade -o que aconteceu: havia
homens da guarda universitária à porta do salão.
Rodas não foi localizado para
comentar a autorização. "Ele
está claramente contra nós",
diz Ribeiro, que se reunia na
sede do centro acadêmico, na
rua Riachuelo.
Do lado de fora da São Francisco fazia frio, mas lá dentro
do salão nobre, de cortinas vermelhas aveludadas, o clima era
quente, em todos os sentidos.
Em uma consulta informal,
os estudantes vetaram com um
"nãããão" a entrada de estudantes da FFLCH (Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas) na sala. Ali dentro não
bastante ser USP, era preciso
ser "Sanfran".
"Nós só queríamos falar e
acompanhar a reunião. Ninguém aqui estava pedindo direito a voto", diz Paula Leal, 24,
estudante de obstetrícia e
membro do Diretório Central
dos Estudantes da USP.
A votação, lá dentro, foi rápida. Não mais que meia dúzia de
estudantes pediram a palavra,
mas cada um tinha apenas dois
minutos para concluir o raciocínio.
Um dos alunos que foi ao microfone arrancou aplausos em
pé ao dizer: "Eu era guardinha
aqui perto, alguns estagiários
devem se lembrar de mim. Fiz
o cursinho gratuito do XI de
Agosto, mas hoje em dia esse
cursinho não funciona como
deveria."
Antes do início da votação
pelo impeachment, houve uma
última convocação para que algum membro do centro acadêmico subisse ao palco, em clima de "fale agora ou cale-se para sempre". Ninguém se manifestou. Iniciado o depósito das
cédulas nas urnas, a confusão:
uma representante do XI de
Agosto apareceu para ler uma
carta na qual o grupo propunha
outra uma assembléia, para o
dia 11 de setembro. Houve vaias
e bate-boca.
O abaixo-assinado com o pedido de realização do encontro
começou a circular no início da
semana. Até anteontem, os estudantes haviam conseguido
558 assinaturas, o suficiente
para exigir a assembléia, de
acordo com o estatuto do centro. Ricardo Ribeiro viu problemas na lista: diz que há nomes
que aparecem duas vezes (ele
apontou um caso à reportagem) e outros de alunos que já
se formaram.
Ribeiro procurou advogados
para se aconselhar e disse que
tentará anular o resultado da
assembléia.
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