São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Impeachment no XI de agosto passa em 1ª assembléia

Maioria dos alunos do direito da USP pediu o afastamento de presidente do centro acadêmico; votação termina hoje

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Franciso, da USP, fizeram na noite de ontem votação prévia do impeachment do presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Ricardo Ribeiro.
A votação continua hoje, em nova assembléia, voltada para os estudantes do período matutino. Ao menos no período da noite, a grande maioria se manifestava contrária ao centro acadêmico e favorável à destituição do presidente.
O pivô da briga é o apoio dado pelo centro acadêmico à invasão da faculdade no dia 21 por movimentos sociais (como UNE e MST, que levou até crianças para "acampar" no local) e estudantes, que reivindicavam melhoras na educação brasileira.
Ribeiro diz que, apesar de alguns membros do centro acadêmico estarem sabendo da invasão, não houve apoio formal.
A votação aconteceu no Salão Nobre da faculdade, cedido, segundo os alunos, por João Grandino Rodas, diretor da faculdade. Os estudantes mostraram à Folha carta assinada por Rodas autorizando a invasão, justificando que a Sala dos Estudantes, palco tradicional para esse tipo de atividade, estava ocupada por outro evento.
O texto também anunciava reforço na segurança da faculdade -o que aconteceu: havia homens da guarda universitária à porta do salão.
Rodas não foi localizado para comentar a autorização. "Ele está claramente contra nós", diz Ribeiro, que se reunia na sede do centro acadêmico, na rua Riachuelo.
Do lado de fora da São Francisco fazia frio, mas lá dentro do salão nobre, de cortinas vermelhas aveludadas, o clima era quente, em todos os sentidos.
Em uma consulta informal, os estudantes vetaram com um "nãããão" a entrada de estudantes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) na sala. Ali dentro não bastante ser USP, era preciso ser "Sanfran".
"Nós só queríamos falar e acompanhar a reunião. Ninguém aqui estava pedindo direito a voto", diz Paula Leal, 24, estudante de obstetrícia e membro do Diretório Central dos Estudantes da USP.
A votação, lá dentro, foi rápida. Não mais que meia dúzia de estudantes pediram a palavra, mas cada um tinha apenas dois minutos para concluir o raciocínio.
Um dos alunos que foi ao microfone arrancou aplausos em pé ao dizer: "Eu era guardinha aqui perto, alguns estagiários devem se lembrar de mim. Fiz o cursinho gratuito do XI de Agosto, mas hoje em dia esse cursinho não funciona como deveria."
Antes do início da votação pelo impeachment, houve uma última convocação para que algum membro do centro acadêmico subisse ao palco, em clima de "fale agora ou cale-se para sempre". Ninguém se manifestou. Iniciado o depósito das cédulas nas urnas, a confusão: uma representante do XI de Agosto apareceu para ler uma carta na qual o grupo propunha outra uma assembléia, para o dia 11 de setembro. Houve vaias e bate-boca.
O abaixo-assinado com o pedido de realização do encontro começou a circular no início da semana. Até anteontem, os estudantes haviam conseguido 558 assinaturas, o suficiente para exigir a assembléia, de acordo com o estatuto do centro. Ricardo Ribeiro viu problemas na lista: diz que há nomes que aparecem duas vezes (ele apontou um caso à reportagem) e outros de alunos que já se formaram.
Ribeiro procurou advogados para se aconselhar e disse que tentará anular o resultado da assembléia.

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