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Vereador quer compensar empresa por área tombada
Dalton Silvano propôs desapropriação de terreno ao lado do parque da Aclimação
Camargo Corrêa havia comprado a área, avaliada
em R$ 9 milhões, antes do tombamento; pelo projeto,
construtora será indenizada
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vereador Dalton Silvano
(PSDB) apresentou projeto para desapropriar um terreno
avaliado em pelo menos R$ 9
milhões, adquirido pela Camargo Corrêa, que corre o risco
de se tornar um mico imobiliário depois que foi vetada a construção de espigões no entorno
do parque da Aclimação, zona
sul de São Paulo.
O projeto da empreiteira era
erguer torres residenciais no
terreno do antigo colégio Anglo, de 3.345 m2, que tem R$
4.448.204 de valor venal, usado
para calcular o IPTU, mas vale
pelo menos o dobro.
Naquela região, o m2 custa
cerca de R$ 2.000, mas o terreno é mais valorizado por estar
em frente ao parque. De acordo
com a lei de zoneamento, não
havia nenhuma restrição de altura de prédios no local.
A empresa, por meio de sua
subsidiária Camargo Corrêa
Desenvolvimento Imobiliário,
adquiriu o terreno em um leilão, cujo valor não foi revelado.
Os planos da empreiteira foram por água abaixo depois que
o Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico de
São Paulo) proibiu, em junho, a
construção de prédios de mais
de 10 metros na área envoltória
do parque, que é tombado.
O projeto de Silvano foi apresentado neste mês e surge no
momento em que a Câmara,
sob pressão do mercado imobiliário, tenta tirar o poder do
Conpresp de tombar e restringir a altura de prédios, o que incomoda as construtoras.
Planos
A Camargo Corrêa tem planos para a Aclimação. Em áreas
de 35,6 mil m2, a empresa pretende viabilizar entre 2008 e
2009 empreendimentos cujo
valor total de venda é estimado
em cerca de R$ 370 milhões.
O terreno do Anglo é uma
das jóias da coroa, por estar
bem em frente ao parque e sem
interferência para a vista.
Caso a prefeitura encampe a
proposta, segundo a Secretaria
de Negócios Jurídicos, será feita uma pesquisa do preço médio do terreno na Aclimação,
até chegar a uma proposta do
valor da indenização.
Silvano disse que decidiu
apresentar o projeto para permitir a ampliação do parque, de
108 mil m2, mas não explicou
por que a idéia surgiu só agora.
"Teve o problema com o tombamento e a área envoltória.
Acho que nem quatro andares
devem ser construídos lá", diz
o vereador.
A população, e não a empreiteira, seria beneficiada com a
desapropriação. "É muito mais
favorável ao usuário do parque", afirma o vereador.
Kassab
Silvano pretende procurar o
prefeito Gilberto Kassab
(DEM), seu aliado político, para tentar convencê-lo a encampar a idéia. "Se não puder desapropriar, pode fazer uma permuta, vou falar com ele", diz.
Procurada ontem, a Secretaria do Verde afirmou não ter estudos para usar o terreno nem
ter sido consultada sobre a proposta do vereador.
A Camargo Corrêa, por meio
de sua assessoria de imprensa,
disse que não poderia comentar o projeto, por não conhecer
seu teor. Afirmou, ainda, que
não conhece o vereador Dalton
Silvano.
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