São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Vereador quer compensar empresa por área tombada

Dalton Silvano propôs desapropriação de terreno ao lado do parque da Aclimação

Camargo Corrêa havia comprado a área, avaliada em R$ 9 milhões, antes do tombamento; pelo projeto, construtora será indenizada

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vereador Dalton Silvano (PSDB) apresentou projeto para desapropriar um terreno avaliado em pelo menos R$ 9 milhões, adquirido pela Camargo Corrêa, que corre o risco de se tornar um mico imobiliário depois que foi vetada a construção de espigões no entorno do parque da Aclimação, zona sul de São Paulo.
O projeto da empreiteira era erguer torres residenciais no terreno do antigo colégio Anglo, de 3.345 m2, que tem R$ 4.448.204 de valor venal, usado para calcular o IPTU, mas vale pelo menos o dobro.
Naquela região, o m2 custa cerca de R$ 2.000, mas o terreno é mais valorizado por estar em frente ao parque. De acordo com a lei de zoneamento, não havia nenhuma restrição de altura de prédios no local.
A empresa, por meio de sua subsidiária Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, adquiriu o terreno em um leilão, cujo valor não foi revelado.
Os planos da empreiteira foram por água abaixo depois que o Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico de São Paulo) proibiu, em junho, a construção de prédios de mais de 10 metros na área envoltória do parque, que é tombado.
O projeto de Silvano foi apresentado neste mês e surge no momento em que a Câmara, sob pressão do mercado imobiliário, tenta tirar o poder do Conpresp de tombar e restringir a altura de prédios, o que incomoda as construtoras.

Planos
A Camargo Corrêa tem planos para a Aclimação. Em áreas de 35,6 mil m2, a empresa pretende viabilizar entre 2008 e 2009 empreendimentos cujo valor total de venda é estimado em cerca de R$ 370 milhões.
O terreno do Anglo é uma das jóias da coroa, por estar bem em frente ao parque e sem interferência para a vista.
Caso a prefeitura encampe a proposta, segundo a Secretaria de Negócios Jurídicos, será feita uma pesquisa do preço médio do terreno na Aclimação, até chegar a uma proposta do valor da indenização.
Silvano disse que decidiu apresentar o projeto para permitir a ampliação do parque, de 108 mil m2, mas não explicou por que a idéia surgiu só agora. "Teve o problema com o tombamento e a área envoltória. Acho que nem quatro andares devem ser construídos lá", diz o vereador.
A população, e não a empreiteira, seria beneficiada com a desapropriação. "É muito mais favorável ao usuário do parque", afirma o vereador.

Kassab
Silvano pretende procurar o prefeito Gilberto Kassab (DEM), seu aliado político, para tentar convencê-lo a encampar a idéia. "Se não puder desapropriar, pode fazer uma permuta, vou falar com ele", diz.
Procurada ontem, a Secretaria do Verde afirmou não ter estudos para usar o terreno nem ter sido consultada sobre a proposta do vereador.
A Camargo Corrêa, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não poderia comentar o projeto, por não conhecer seu teor. Afirmou, ainda, que não conhece o vereador Dalton Silvano.

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