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Laser usado em shows pode afetar visão
Pelo menos cinco pessoas em SP e MG sofreram lesões na retina causadas por fachos de "laser lúdico" em raves e festas
Oftalmologistas iniciaram uma busca ativa de possíveis outros casos após 30 jovens russos serem feridos em show; 12 ficaram cegos
Paulo Whitaker-24.abr.04/Reuters
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Raios laserdurante rave realizada no Sambódromo, em SP
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Shows a laser que tanto fascinam os jovens em raves e outras festas também são uma
ameaça aos olhos. Neste ano, ao
menos cinco pessoas em São
Paulo e em Minas Gerais tiveram lesões na retina causadas
pelo "laser lúdico", segundo oftalmologistas que integram
uma rede de vigilância ocular
que iniciaram uma busca ativa
de possíveis outros casos.
O alerta para o perigo dessa
diversão, que a cada dia ganha
mais espaço em festas, foi intensificado no mês passado,
quando 30 jovens russos tiveram lesões nos olhos após serem atingidos por feixes de laser em um show de música eletrônica. Doze deles sofreram
perda permanente de visão.
No Brasil, não há regras de
segurança e nem fiscalização
para o laser usado em shows-
que pode ter a mesma potência
dos feixes utilizados em cirurgias oftalmológicas.
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) diz que
só lhe compete a fiscalização de
equipamentos a laser usados
em diagnósticos e terapias. O
Inmetro (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) afirma
que não atua nessa área.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) também só tem normas para o laser
industrial e médico. "Será que
estão esperando acontecer
uma tragédia como a ocorrida
na Rússia para tomarem providências?" indaga Rubens Belfort Júnior, professor titular de
oftalmologia e presidente do
Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo.
Belfort Júnior, responsável
pelo alerta na rede de vigilância
ocular, conta que recentemente atendeu um jovem de 29
anos que teve perda de visão
em um dos olhos, causada por
um feixe de luz verde (o mesmo
que atingiu os jovens russos),
quando trabalhava em uma rave em São Paulo.
"O feixe de luz tinha o mesmo comprimento de onda usado para tratamento de retinopatia diabética e outras doenças oculares. Houve queimadura e, aparentemente, ele não vai
conseguir recuperar a visão",
afirma. O jovem não quis falar
com a reportagem.
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