São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Empresa critica falta de fiscalização de laser

Para empresário de Porto Alegre, ausência de regulamentação do setor pode representar um perigo à visão das pessoas

Segundo Vitor Loreto, dono de firma que faz shows com laser, raio pode ser prejudicial; empresas mais organizadas oferecem laudo de segurança

DA REPORTAGEM LOCAL

Na falta de normas e de fiscalização para os shows com laser, o mercado brasileiro está em franca expansão. Os equipamentos ficaram mais baratos e as luzes coloridas caíram no gosto popular. Mas a falta de regulamentação do setor pode representar um perigo, especialmente à visão das pessoas. A análise é do economista Vitor Loreto, de Porto Alegre (RS), dono de uma empresa de show com laser e um dos membros da Ilda (Associação Internacional de Exibições com Laser) no Brasil. A seguir, trechos da entrevista dada à Folha. (CC)  

FOLHA - Assistir a shows laser é arriscado?
VITOR LORETO
- O tipo de raio [laser] escaneado na platéia pode ser perigoso ou não. Tem um determinado raio que tem que ser projetado acima da cabeça das pessoas. A gente pode fazer todo tipo de show e festa com os raios sem chegar na cabeça das pessoas. O laser só não é amigo do olho, porque o olho da gente é uma lente, e o laser é uma fonte de luz forte.

FOLHA - Como garantir que não haja perigo em uma festa?
LORETO
- As empresas sérias do setor dão um laudo de segurança antes do show. No contrato, a gente já fornece o laudo dizendo que o local foi avaliado, a montagem é feita de acordo com as características físicas do local, do público e do tempo de exposição. Tem que ter conhecimento técnico.

FOLHA - Não existem normas de segurança para os shows no Brasil?
LORETO
- Infelizmente não existe. Muitas empresas fazem isso sem critério nenhum. A força aérea americana, por exemplo, tem regras para show laser outdoor [ao ar livre]. As empresas têm que avisar 30 dias antes a Aeronáutica deles que vai fazer o show outdoor. Aqui não existe nada disso. O cidadão vai ali, compra um laser industrial e já está fazendo festa a laser. Só existe meia dúzia de empresas especializadas. Hoje qualquer empresa de som vai para o Paraguai e compra um equipamento que tem laser. Qualquer um tem um laserzinho de meio watts e aluga por R$ 200 a noite.

FOLHA - E ninguém fiscaliza?
LORETO
- Ninguém fiscaliza. Estamos trabalhando para que isso mude. Precisamos regulamentar isso. Nós defendemos uma política que determine que equipamentos acima de 2 watts tenham manipulação profissional. Com o mínimo de critério, não há perigo. Mas se não tiver critério, pode acontecer o que ocorreu na Rússia.

FOLHA - Já houve acidentes no Brasil?
LORETO
- Não que eu saiba. No máximo houve casos em que filmadoras e máquinas fotográficas foram queimadas [por conta do laser]. Esses equipamentos são muito caros e há pouco tempo estão no Brasil. Mas existe uma tendência disso se popularizar porque os equipamentos estão ficando mais baratos. Há dois anos, um equipamento [a laser] que pode causar problema custava US$ 150 mil. Hoje, com R$ 25 mil você já tem um potencial perigo nas mãos.


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