Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresa critica falta de fiscalização de laser
Para empresário de Porto Alegre, ausência de regulamentação do setor pode representar um perigo à visão das pessoas
Segundo Vitor Loreto, dono de firma que faz shows com laser, raio pode ser prejudicial; empresas mais organizadas oferecem laudo de segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
Na falta de normas e de fiscalização para os shows com laser, o mercado brasileiro está
em franca expansão. Os equipamentos ficaram mais baratos
e as luzes coloridas caíram no
gosto popular. Mas a falta de regulamentação do setor pode representar um perigo, especialmente à visão das pessoas.
A análise é do economista Vitor Loreto, de Porto Alegre
(RS), dono de uma empresa de
show com laser e um dos membros da Ilda (Associação Internacional de Exibições com Laser) no Brasil. A seguir, trechos
da entrevista dada à Folha.
(CC)
FOLHA - Assistir a shows laser é arriscado?
VITOR LORETO - O tipo de raio [laser] escaneado na platéia pode
ser perigoso ou não. Tem um
determinado raio que tem que
ser projetado acima da cabeça
das pessoas. A gente pode fazer
todo tipo de show e festa com
os raios sem chegar na cabeça
das pessoas. O laser só não é
amigo do olho, porque o olho da
gente é uma lente, e o laser é
uma fonte de luz forte.
FOLHA - Como garantir que não
haja perigo em uma festa?
LORETO - As empresas sérias do
setor dão um laudo de segurança antes do show. No contrato,
a gente já fornece o laudo dizendo que o local foi avaliado, a
montagem é feita de acordo
com as características físicas do
local, do público e do tempo de
exposição. Tem que ter conhecimento técnico.
FOLHA - Não existem normas de
segurança para os shows no Brasil?
LORETO - Infelizmente não
existe. Muitas empresas fazem
isso sem critério nenhum. A
força aérea americana, por
exemplo, tem regras para show
laser outdoor [ao ar livre]. As
empresas têm que avisar 30
dias antes a Aeronáutica deles
que vai fazer o show outdoor.
Aqui não existe nada disso. O
cidadão vai ali, compra um laser industrial e já está fazendo
festa a laser. Só existe meia dúzia de empresas especializadas.
Hoje qualquer empresa de
som vai para o Paraguai e compra um equipamento que tem
laser. Qualquer um tem um laserzinho de meio watts e aluga
por R$ 200 a noite.
FOLHA - E ninguém fiscaliza?
LORETO - Ninguém fiscaliza.
Estamos trabalhando para que
isso mude. Precisamos regulamentar isso. Nós defendemos
uma política que determine
que equipamentos acima de 2
watts tenham manipulação
profissional. Com o mínimo de
critério, não há perigo. Mas se
não tiver critério, pode acontecer o que ocorreu na Rússia.
FOLHA - Já houve acidentes no Brasil?
LORETO - Não que eu saiba. No
máximo houve casos em que
filmadoras e máquinas fotográficas foram queimadas [por
conta do laser]. Esses equipamentos são muito caros e há
pouco tempo estão no Brasil.
Mas existe uma tendência disso
se popularizar porque os equipamentos estão ficando mais
baratos. Há dois anos, um equipamento [a laser] que pode
causar problema custava US$
150 mil. Hoje, com R$ 25 mil
você já tem um potencial perigo nas mãos.
Texto Anterior: Tempo de exposição ao raio laser agrava lesão Próximo Texto: Pelo menos 12 jovens ficaram cegos durante show na Rússia Índice
|