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SAÚDE / CIÊNCIA
Estudo de genes em crianças busca melhorar tratamentos
Laboratório do Instituto da Criança pesquisa como os genes atuam quanto à saúde
Foco será sobre problemas respiratórios, como a asma, obesidade e comportamento, entre outros; centro pretende individualizar diagnósticos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Instituto da Criança do
Hospital das Clínicas de São
Paulo adotou recentemente
uma nova estratégia para gerar
conhecimento e tornar mais individualizado o diagnóstico e o
tratamento em crianças: o estudo da genômica.
O nome estranho não é nada
mais do que a dinâmica de funcionamento dos genes e da forma como eles se expressam em
cada ser humano.
No âmbito da saúde, a genômica ajuda a ciência a entender
as origens da saúde e das doenças e os melhores tratamentos
para cada paciente.
De acordo com o geneticista
Carlos Alberto Moreira Filho,
coordenador do laboratório de
Genômica Pediátrica, a pesquisa focará diagnósticos e tratamentos de problemas respiratórios -como a asma-, obesidade, diabetes e questões de
comportamento -como distúrbios de aprendizagem.
Outros centros no mundo seguem a mesma linha de estudos. O laboratório do Departamento de Pediatria do instituto
é o primeiro no Brasil a estudar
a genômica dessas doenças em
crianças, conta Moreira Filho.
A esperança é seguir o mesmo caminho, percorrido há
mais tempo pelo estudo da genômica em relação ao câncer,
que já aprimorou tratamentos.
O principal trabalho do Instituto da Criança será o desenvolvimento de estudos a partir
de um banco de dados, que já é
montado há mais um ano com
informações clínicas e genéticas de crianças atendidas no
Centro de Saúde do Butantã.
O acompanhamento será a
longo prazo e permitirá o estudo de um importante aspecto
da genômica: a influência do
ambiente e da forma de vida na
expressão gênica do indivíduo.
"Crianças cujas mães foram
subnutridas durante a gravidez
podem nascer com baixo peso e
com seu organismo programado para a vida num ambiente de
pouco açúcar. Isso poderá levar
essas crianças a processar inadequadamente açúcar no futuro, tornando-se obesas ou diabéticas", diz o geneticista.
Segundo a pediatra do instituto Sandra Grisi, a pesquisa
ajudará a identificar os melhores tratamentos para cada paciente, a lidar melhor com períodos do crescimento da criança e a protegê-la de influências
ambientais prejudiciais.
Grisi diz ainda que o laboratório terá uma segunda vertente de trabalho, que será a de auxiliar na investigação e no tratamento de alguns casos específicos. O laboratório não será
usado, porém, para atender de
forma geral o público do Instituto da Criança. O projeto tem
apoio da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa de SP).
Genoma
O estudo dos genes na manifestação de doenças tomou um
grande impulso com o mapeamento, na década de 90, do genoma humano -conjunto de
informações contidas no DNA.
Descobriu-se depois, porém,
que o DNA apresenta pequenas
variações de comprimento entre diferentes indivíduos.
Estudos como o desenvolvido pelo laboratório do Instituto
da Criança pesquisam como essas variações e sua interação
com o meio ambiente relacionam-se com a saúde.
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