São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE / CIÊNCIA

Estudo de genes em crianças busca melhorar tratamentos

Laboratório do Instituto da Criança pesquisa como os genes atuam quanto à saúde

Foco será sobre problemas respiratórios, como a asma, obesidade e comportamento, entre outros; centro pretende individualizar diagnósticos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo adotou recentemente uma nova estratégia para gerar conhecimento e tornar mais individualizado o diagnóstico e o tratamento em crianças: o estudo da genômica.
O nome estranho não é nada mais do que a dinâmica de funcionamento dos genes e da forma como eles se expressam em cada ser humano.
No âmbito da saúde, a genômica ajuda a ciência a entender as origens da saúde e das doenças e os melhores tratamentos para cada paciente.
De acordo com o geneticista Carlos Alberto Moreira Filho, coordenador do laboratório de Genômica Pediátrica, a pesquisa focará diagnósticos e tratamentos de problemas respiratórios -como a asma-, obesidade, diabetes e questões de comportamento -como distúrbios de aprendizagem.
Outros centros no mundo seguem a mesma linha de estudos. O laboratório do Departamento de Pediatria do instituto é o primeiro no Brasil a estudar a genômica dessas doenças em crianças, conta Moreira Filho.
A esperança é seguir o mesmo caminho, percorrido há mais tempo pelo estudo da genômica em relação ao câncer, que já aprimorou tratamentos.
O principal trabalho do Instituto da Criança será o desenvolvimento de estudos a partir de um banco de dados, que já é montado há mais um ano com informações clínicas e genéticas de crianças atendidas no Centro de Saúde do Butantã.
O acompanhamento será a longo prazo e permitirá o estudo de um importante aspecto da genômica: a influência do ambiente e da forma de vida na expressão gênica do indivíduo.
"Crianças cujas mães foram subnutridas durante a gravidez podem nascer com baixo peso e com seu organismo programado para a vida num ambiente de pouco açúcar. Isso poderá levar essas crianças a processar inadequadamente açúcar no futuro, tornando-se obesas ou diabéticas", diz o geneticista.
Segundo a pediatra do instituto Sandra Grisi, a pesquisa ajudará a identificar os melhores tratamentos para cada paciente, a lidar melhor com períodos do crescimento da criança e a protegê-la de influências ambientais prejudiciais.
Grisi diz ainda que o laboratório terá uma segunda vertente de trabalho, que será a de auxiliar na investigação e no tratamento de alguns casos específicos. O laboratório não será usado, porém, para atender de forma geral o público do Instituto da Criança. O projeto tem apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP).

Genoma
O estudo dos genes na manifestação de doenças tomou um grande impulso com o mapeamento, na década de 90, do genoma humano -conjunto de informações contidas no DNA. Descobriu-se depois, porém, que o DNA apresenta pequenas variações de comprimento entre diferentes indivíduos.
Estudos como o desenvolvido pelo laboratório do Instituto da Criança pesquisam como essas variações e sua interação com o meio ambiente relacionam-se com a saúde.


Texto Anterior: Roberto Magalhães Suñe (1921-2008): Magnata gaúcho dos cavalos crioulos
Próximo Texto: Saiba mais: Origens da saúde são tema de seminário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.