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Na ciclofaixa, tom dos usuários era de‘quero mais’
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Até alcançar a segurança da
ciclofaixa, a partir de casa, e poder pedalar com relativa tranquilidade em uma nesga de 5
km, a reportagem precisou percorrer 8 km disputando a rua
com ônibus, carros e motos.
Saiu da av. Higienópolis, subiu
a rua da Consolação, desceu a
Melo Alves, pegou a av. Brasil e
seguiu até o parque Ibirapuera.
Porém, ao chegar, deixou-se
contaminar pela "iniciativa superválida", como definiu a depiladora Maria Alice Oliveira,
40, que saiu do Jabaquara (zona sul) com o marido e a filha.
O evento enchia os olhos. A
prefeitura coloriu o trajeto com
bandeirolas vermelhas, deu
brindes, instalou nos parques
barraquinhas com água à vontade e deslocou "pessoal de
apoio" para orientar os ciclistas
e sorrir para as crianças.
Pelo menos naquele trecho, o
paulistano teve ontem uma de
suas fantasias mais recorrentes
de prosperidade: tudo parecia
limpinho, seguro e bonito.
"Está sendo o máximo, adorei. Vim com meu marido e três
dos meus quatro filhos", diz a
comerciante Carol Annes, 44.
As duas maiores "demandas"
dos frequentadores foram aumento do percurso e do horário
de funcionamento. Mas o tom
não era de reclamação, e sim de
"quero mais". "São Paulo poderia ser assim sempre", afirma o
engenheiro Paulo Matos, 40.
O ex-jogador Raí também
achou tudo lindo, mas preferia
a parte dele em ciclovia. Sentado em um bar com a mulher e a
filha, contava que vendeu o carro para andar só de bicicleta.
"Não vim apenas para apoiar a
ciclofaixa aos domingos, mas
para reivindicar uma ciclovia
todos os dias. Eles fizeram uma
reforma gigantesca na Paulista,
poderiam ter aproveitado a
oportunidade para inaugurar
uma ali. Teria sido simbólico."
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