São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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Na ciclofaixa, tom dos usuários era de‘quero mais’

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até alcançar a segurança da ciclofaixa, a partir de casa, e poder pedalar com relativa tranquilidade em uma nesga de 5 km, a reportagem precisou percorrer 8 km disputando a rua com ônibus, carros e motos. Saiu da av. Higienópolis, subiu a rua da Consolação, desceu a Melo Alves, pegou a av. Brasil e seguiu até o parque Ibirapuera.
Porém, ao chegar, deixou-se contaminar pela "iniciativa superválida", como definiu a depiladora Maria Alice Oliveira, 40, que saiu do Jabaquara (zona sul) com o marido e a filha.
O evento enchia os olhos. A prefeitura coloriu o trajeto com bandeirolas vermelhas, deu brindes, instalou nos parques barraquinhas com água à vontade e deslocou "pessoal de apoio" para orientar os ciclistas e sorrir para as crianças.
Pelo menos naquele trecho, o paulistano teve ontem uma de suas fantasias mais recorrentes de prosperidade: tudo parecia limpinho, seguro e bonito.
"Está sendo o máximo, adorei. Vim com meu marido e três dos meus quatro filhos", diz a comerciante Carol Annes, 44.
As duas maiores "demandas" dos frequentadores foram aumento do percurso e do horário de funcionamento. Mas o tom não era de reclamação, e sim de "quero mais". "São Paulo poderia ser assim sempre", afirma o engenheiro Paulo Matos, 40.
O ex-jogador Raí também achou tudo lindo, mas preferia a parte dele em ciclovia. Sentado em um bar com a mulher e a filha, contava que vendeu o carro para andar só de bicicleta. "Não vim apenas para apoiar a ciclofaixa aos domingos, mas para reivindicar uma ciclovia todos os dias. Eles fizeram uma reforma gigantesca na Paulista, poderiam ter aproveitado a oportunidade para inaugurar uma ali. Teria sido simbólico."


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