|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÍBAL AUGUSTO FERREIRA DE MADUREIRA BEÇA NETO (1946-2009)
Velório foi a última festa do poeta e compositor de Manaus
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas décadas de 1980 e 1990,
todo final de semana era dia
de festa na casa do poeta Aníbal Beça. Era o "Sabaníbal",
que começava no sábado à
tarde e só terminava na segunda pela manhã.
Cabeludos, barbudos e bigodudos que se prezassem
sempre compareciam -e se
revezavam no violão.
"Nunca vi um tipo "normal"
nessas festas", brinca o filho,
também Aníbal. Era a reunião
dos principais artistas de Manaus e uma espécie de reedição do Clube da Madrugada,
movimento que começou em
1954 e foi importante para a
vida cultural manauara.
Na época, o grupo causava
burburinho na cidade, que vivia a efervescência do modernismo. E o clima inspirou
Aníbal, então com nove anos.
Ele descobriu a vida artística com a pintura. Aos 12, vendia na porta de casa os quadros que fazia.
A poesia veio aos 16, quando escreveu o primeiro livro.
Seguiram-se mais 15. Um deles, "Suíte para os Habitantes
da Noite", ganhou o Prêmio
Nestlé de Literatura de 1994.
Compôs ainda 60 canções.
Em 1970, "Lundu do Terreiro
de Fogo" participou do festival Internacional da Canção,
na voz de Ângela Maria.
E foi com música que os
amigos se despediram do poeta. Com o violão, fizeram no
velório o último "Sabaníbal".
Ele morreu, aos 62, na terça,
de complicações da diabetes.
Deixou três filhos, dois netos
e uma bisneta, que nascerá
em outubro. Além da mulher,
de origem croata, que conhecera havia 40 anos, justamente em uma festa. A missa de
sétimo dia será na segunda-feira, às 19h, na igreja N. Senhora de Nazaré, em Manaus.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Empresário atropela, mata, foge e é preso Índice
|