São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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Bebê morre após ser ferido por bisturi durante o parto

A polícia investiga se houve erro médico e tentativa de encobrir o caso

Hospital no Campo Limpo afirma que não houve adulteração de documentos; mãe é uma adolescente de 14 anos

DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"

Um bebê morreu após ter sido ferido por um bisturi na hora do parto, anteontem de manhã, no hospital municipal do Campo Limpo (zona sul de São Paulo).
O bebê, que nasceu vivo, tinha um corte e hematomas nas costas. O hospital afirma que o corte foi superficial.
O caso está sendo investigado pelo 37º DP (Campo Limpo) e pelo hospital. Apuram se houve erro médico.
No boletim de ocorrência, o médico responsável pelo parto disse que houve complicações e que o corte foi resultado da incisão feita na barriga da mãe.
Só se saberá se o corte foi a causa da morte depois que os exames do IML (Instituto Médico Legal) ficarem prontos.
A cesariana foi realizada pelo obstetra André Luiz Veloso e pela médica residente Indira Vieira Torres.
A Folha não conseguiu contato com eles ontem. A direção do hospital disse que Veloso é formado há 27 anos e trabalha há 20 anos na rede municipal.

DOCUMENTOS
A polícia suspeita de tentativa de encobrir o caso -com adulteração de documentos e encaminhamento supostamente errado do corpo.
Segundo a polícia, a guia de encaminhamento de cadáver direcionava o corpo ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), e não ao IML, como deve ocorrer em mortes com sinais de violência.
Além disso, o documento estava rasurado no campo "tempo de gestação".
A guia assinalava que a jovem tinha 31 semanas de gravidez. A via de entrada no hospital registrava 26. Segundo o delegado Carlos Alberto Delaye, o objetivo era mostrar que, sendo mais velho, o bebê não morreria por causa do corte.
Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que um corte poderia matar tanto um bebê na 26ª quanto na 31ª semana de gestação
A Polícia Militar foi chamada ao hospital por causa de uma discussão entre familiares da gestante e funcionários. O policial que atendeu o caso disse que o hospital não deixou que ele e a família tivessem acesso ao corpo.
A mãe do bebê é uma estudante de 14 anos. Ela está hospitalizada, mas não corre risco. O pai tem 22 anos.
A jovem foi levada ao hospital em trabalho de parto. A gravidez era considerada de risco devido à pouca idade e ao curto tempo de gestação -sexto ou sétimo mês.
O hospital, segundo médicos ouvidos pela Folha, é aparelhado para realizar partos de alto risco.


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