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Bebê morre após ser ferido por bisturi durante o parto
A polícia investiga se houve erro médico e tentativa de encobrir o caso
Hospital no Campo Limpo afirma que não houve adulteração de documentos; mãe é uma adolescente de 14 anos
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"
Um bebê morreu após ter
sido ferido por um bisturi na
hora do parto, anteontem de
manhã, no hospital municipal do Campo Limpo (zona
sul de São Paulo).
O bebê, que nasceu vivo,
tinha um corte e hematomas
nas costas. O hospital afirma
que o corte foi superficial.
O caso está sendo investigado pelo 37º DP (Campo
Limpo) e pelo hospital. Apuram se houve erro médico.
No boletim de ocorrência,
o médico responsável pelo
parto disse que houve complicações e que o corte foi resultado da incisão feita na
barriga da mãe.
Só se saberá se o corte foi a
causa da morte depois que os
exames do IML (Instituto Médico Legal) ficarem prontos.
A cesariana foi realizada
pelo obstetra André Luiz Veloso e pela médica residente
Indira Vieira Torres.
A Folha não conseguiu
contato com eles ontem. A direção do hospital disse que
Veloso é formado há 27 anos
e trabalha há 20 anos na rede
municipal.
DOCUMENTOS
A polícia suspeita de tentativa de encobrir o caso -com
adulteração de documentos
e encaminhamento supostamente errado do corpo.
Segundo a polícia, a guia
de encaminhamento de cadáver direcionava o corpo ao
SVO (Serviço de Verificação
de Óbitos), e não ao IML, como deve ocorrer em mortes
com sinais de violência.
Além disso, o documento
estava rasurado no campo
"tempo de gestação".
A guia assinalava que a jovem tinha 31 semanas de gravidez. A via de entrada no
hospital registrava 26. Segundo o delegado Carlos Alberto Delaye, o objetivo era
mostrar que, sendo mais velho, o bebê não morreria por
causa do corte.
Especialistas ouvidos pela
reportagem disseram que um
corte poderia matar tanto um
bebê na 26ª quanto na 31ª semana de gestação
A Polícia Militar foi chamada ao hospital por causa
de uma discussão entre familiares da gestante e funcionários. O policial que atendeu o
caso disse que o hospital não
deixou que ele e a família tivessem acesso ao corpo.
A mãe do bebê é uma estudante de 14 anos. Ela está
hospitalizada, mas não corre
risco. O pai tem 22 anos.
A jovem foi levada ao hospital em trabalho de parto. A
gravidez era considerada de
risco devido à pouca idade e
ao curto tempo de gestação
-sexto ou sétimo mês.
O hospital, segundo médicos ouvidos pela Folha, é
aparelhado para realizar partos de alto risco.
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