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Caso era de altíssimo risco, diz hospital
Diretor afirma que corte em recém-nascido foi apenas superficial e que não houve alteração nos documentos do bebê
DE SÃO PAULO
O diretor técnico do hospital municipal do Campo Limpo, Marcelo Antônio Negrão
Gusmão, disse que o corte
nas costas do bebê morto no
domingo após o parto era
apenas superficial e negou a
adulteração de documentos.
Questionado pela Folha
sobre o que causou a morte
do bebê, o diretor do hospital
respondeu: "Não posso atribuí-la a nada [neste momento]. Era um caso de altíssimo
risco. Nós estamos aguardando os laudos do IML [Instituto Médico Legal]", disse.
O caso era de altíssimo risco porque a mãe tem 14 anos
e o parto ocorreu perto dos
seis meses de gestação -longe dos nove meses considerados ideais. Quanto menor o
tempo de gestação, maior o
risco de morte do bebê.
DIFÍCIL
"Foi uma cesariana delicada porque [com esse tempo]
o útero não estava preparado
para o parto. Ela é tecnicamente mais difícil", explicou
o diretor do hospital.
"Isso dificulta o acesso do
médico à parte interna do
útero para a extração do bebê", afirmou.
Além da investigação policial, a morte do bebê também
está sendo apurada por uma
sindicância interna aberta
pelo próprio hospital municipal do Campo Limpo -a comissão tem 30 dias para concluir sua investigação.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado
de São Paulo) também poderá ser acionado para investigar a atuação da equipe médica do hospital no parto.
"O bebê nasceu vivo. Foram feitas várias manobras,
ele chegou a ser reanimado,
mas no final não resistiu",
explicou ontem Gusmão.
De acordo com o diretor,
não houve nenhum tipo de
adulteração nos documentos
do bebê. Segundo ele, o cartão de pré-natal indicava gravidez de 27 semanas (o boletim de ocorrência diz 26) e os
exames físicos feitos no bebê
apontavam 31.
"As duas informações estavam disponíveis", afirmou.
Segundo Gusmão, o médico que conduziu o parto, André Luiz Veloso, trabalha há
20 anos na rede pública de
saúde e nunca havia tido nenhum problema parecido.
Veloso faz um plantão semanal de 24 horas no hospital. Ele havia entrado para
trabalhar às 19h do sábado
passado. O parto ocorreu por
volta das 7h do domingo.
NOTA
Por meio de uma nota enviada aos meios de comunicação, a Secretaria Municipal de Saúde, que é responsável pelo hospital do Campo
Limpo, informou que lamenta a morte do bebê.
A nota também afirma que
a direção do hospital está
prestando suporte à família e
que se encontra à disposição
da polícia para prestar qualquer tipo de esclarecimento.
(RICARDO WESTIN)
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