São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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Caso era de altíssimo risco, diz hospital

Diretor afirma que corte em recém-nascido foi apenas superficial e que não houve alteração nos documentos do bebê

DE SÃO PAULO

O diretor técnico do hospital municipal do Campo Limpo, Marcelo Antônio Negrão Gusmão, disse que o corte nas costas do bebê morto no domingo após o parto era apenas superficial e negou a adulteração de documentos.
Questionado pela Folha sobre o que causou a morte do bebê, o diretor do hospital respondeu: "Não posso atribuí-la a nada [neste momento]. Era um caso de altíssimo risco. Nós estamos aguardando os laudos do IML [Instituto Médico Legal]", disse.
O caso era de altíssimo risco porque a mãe tem 14 anos e o parto ocorreu perto dos seis meses de gestação -longe dos nove meses considerados ideais. Quanto menor o tempo de gestação, maior o risco de morte do bebê.

DIFÍCIL
"Foi uma cesariana delicada porque [com esse tempo] o útero não estava preparado para o parto. Ela é tecnicamente mais difícil", explicou o diretor do hospital.
"Isso dificulta o acesso do médico à parte interna do útero para a extração do bebê", afirmou.
Além da investigação policial, a morte do bebê também está sendo apurada por uma sindicância interna aberta pelo próprio hospital municipal do Campo Limpo -a comissão tem 30 dias para concluir sua investigação.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) também poderá ser acionado para investigar a atuação da equipe médica do hospital no parto.
"O bebê nasceu vivo. Foram feitas várias manobras, ele chegou a ser reanimado, mas no final não resistiu", explicou ontem Gusmão.
De acordo com o diretor, não houve nenhum tipo de adulteração nos documentos do bebê. Segundo ele, o cartão de pré-natal indicava gravidez de 27 semanas (o boletim de ocorrência diz 26) e os exames físicos feitos no bebê apontavam 31.
"As duas informações estavam disponíveis", afirmou.
Segundo Gusmão, o médico que conduziu o parto, André Luiz Veloso, trabalha há 20 anos na rede pública de saúde e nunca havia tido nenhum problema parecido.
Veloso faz um plantão semanal de 24 horas no hospital. Ele havia entrado para trabalhar às 19h do sábado passado. O parto ocorreu por volta das 7h do domingo.

NOTA
Por meio de uma nota enviada aos meios de comunicação, a Secretaria Municipal de Saúde, que é responsável pelo hospital do Campo Limpo, informou que lamenta a morte do bebê.
A nota também afirma que a direção do hospital está prestando suporte à família e que se encontra à disposição da polícia para prestar qualquer tipo de esclarecimento.
(RICARDO WESTIN)


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