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ADMINISTRAÇÃO
Prefeito de São Paulo admite que planeja se candidatar a deputado federal em 2002; custo é de R$ 5 milhões
Campanha de Pitta "esquece" PAS e lixo
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo deve
começar a veicular hoje uma campanha de "prestação de contas" à
população que omite temas polêmicos da atual administração, como o PAS (Plano de Atendimento
à Saúde). A publicidade será veiculada um dia depois de o prefeito
Celso Pitta (PTN) manifestar a intenção de se candidatar a deputado federal em 2002.
As peças publicitárias, criadas
pela agência DPZ, abordarão aspectos positivos da administração
Pitta nas áreas de educação, combate a enchentes, habitação,
transportes e no campo social. Serão filmes de um minuto, inserções de 30 segundos e um minuto
nas rádios e anúncios nos jornais.
O prefeito alega que a estratégia
é uma maneira de informar a população sobre as ações do município, já que ele se considera injustamente perseguido pela mídia.
Mas Pitta admite também que está em campanha.
"Eu, como político, estou permanentemente em campanha",
disse ontem. Candidatar-se a deputado federal em 2002 é uma
vontade declarada. "O desenvolvimento do panorama político
poderá ou não confirmar no futuro, mas a minha intenção é essa."
O gasto estimado para a campanha publicitária, que deve permanecer no ar até o final de novembro, é de R$ 5 milhões.
Entre os temas, não serão incluídas algumas bandeiras de
campanha que se tornaram polêmicas. O PAS é um dos exemplos.
Criado em 1996, na gestão de Paulo Maluf (PPB), o sistema vem,
desde então, sendo alvo de denúncias de superfaturamento e
desvio de verba.
Auditorias feitas pela Secretaria
Municipal da Saúde concluíram
que as cooperativas gastaram irregularmente pelo menos R$
43,96 milhões do dinheiro público que receberam nos dois primeiros anos. O Ministério Público pediu a instauração de cinco
inquéritos policiais para apurar
crimes envolvendo o PAS.
A questão da limpeza pública
também ficou de fora. Anunciada
desde 98, a megalicitação do lixo
foi suspensa pelo TCM (Tribunal
de Contas do Município). Os serviços de coleta e varrição em São
Paulo são alvos ainda de ações judiciais e investigação policial.
Em abril deste ano, a Justiça
condenou, em primeira instância,
ex-secretários municipais, funcionários, empresas e vereadores
a devolverem aos cofres públicos
um total de cerca de R$ 1 bilhão.
Mesmo nos temas abordados
pela campanha publicitária, são
omitidos fatos negativos.
Não são mencionadas as filas de
espera para creches e para apartamentos da Cohab (Companhia
Metropolitana de Habitação), a
entrega tardia do Cebolinha
(complexo viário João Jorge
Saad), a inviabilização do Programa de Renda Mínima -que teve
todos os recursos remanejados
para outros fins- e a entrega de
apenas 30% das unidades do Cingapura prometidas.
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