São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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ADMINISTRAÇÃO
Prefeito de São Paulo admite que planeja se candidatar a deputado federal em 2002; custo é de R$ 5 milhões
Campanha de Pitta "esquece" PAS e lixo

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo deve começar a veicular hoje uma campanha de "prestação de contas" à população que omite temas polêmicos da atual administração, como o PAS (Plano de Atendimento à Saúde). A publicidade será veiculada um dia depois de o prefeito Celso Pitta (PTN) manifestar a intenção de se candidatar a deputado federal em 2002.
As peças publicitárias, criadas pela agência DPZ, abordarão aspectos positivos da administração Pitta nas áreas de educação, combate a enchentes, habitação, transportes e no campo social. Serão filmes de um minuto, inserções de 30 segundos e um minuto nas rádios e anúncios nos jornais.
O prefeito alega que a estratégia é uma maneira de informar a população sobre as ações do município, já que ele se considera injustamente perseguido pela mídia. Mas Pitta admite também que está em campanha.
"Eu, como político, estou permanentemente em campanha", disse ontem. Candidatar-se a deputado federal em 2002 é uma vontade declarada. "O desenvolvimento do panorama político poderá ou não confirmar no futuro, mas a minha intenção é essa."
O gasto estimado para a campanha publicitária, que deve permanecer no ar até o final de novembro, é de R$ 5 milhões.
Entre os temas, não serão incluídas algumas bandeiras de campanha que se tornaram polêmicas. O PAS é um dos exemplos. Criado em 1996, na gestão de Paulo Maluf (PPB), o sistema vem, desde então, sendo alvo de denúncias de superfaturamento e desvio de verba.
Auditorias feitas pela Secretaria Municipal da Saúde concluíram que as cooperativas gastaram irregularmente pelo menos R$ 43,96 milhões do dinheiro público que receberam nos dois primeiros anos. O Ministério Público pediu a instauração de cinco inquéritos policiais para apurar crimes envolvendo o PAS.
A questão da limpeza pública também ficou de fora. Anunciada desde 98, a megalicitação do lixo foi suspensa pelo TCM (Tribunal de Contas do Município). Os serviços de coleta e varrição em São Paulo são alvos ainda de ações judiciais e investigação policial.
Em abril deste ano, a Justiça condenou, em primeira instância, ex-secretários municipais, funcionários, empresas e vereadores a devolverem aos cofres públicos um total de cerca de R$ 1 bilhão.
Mesmo nos temas abordados pela campanha publicitária, são omitidos fatos negativos.
Não são mencionadas as filas de espera para creches e para apartamentos da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação), a entrega tardia do Cebolinha (complexo viário João Jorge Saad), a inviabilização do Programa de Renda Mínima -que teve todos os recursos remanejados para outros fins- e a entrega de apenas 30% das unidades do Cingapura prometidas.



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