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8 EDUCAÇÃO
Formação do professor precisa de mudança
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento do ano letivo de 180
para 200 dias produziu o efeito
contrário do que os educadores
previam: o desempenho escolar
piorou em vez de melhorar, segundo as avaliações do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica). Quanto mais
aulas o aluno tem, pior é a sua
performance.
O educador Moacir Gadotti,
professor da Faculdade de Educação da USP e diretor do Instituto
Paulo Freire, diz que a solução óbvia para esse aparente paradoxo é
mudar a formação do professor.
O óbvio na educação, de acordo
com ele, é o bom professor.
"O foco na aula e na seriação
não funcionam na era da informação", afirma Gadotti. Segundo
ele, a aula e a série são produtos da
era industrial, da linha de montagem, que estão sucateados.
As pesquisas neurológicas comprovam o equívoco desse método, de acordo com ele. O cérebro
não funciona como o disco rígido
de um computador no qual as informações são armazenadas. "O
cérebro é sujeito, não objeto. Ele
se auto-organiza, constrói o conhecimento."
Gadotti cita o pedagogo suíço
Jean Piaget (1896-1980), que nos
anos 20 mostrou que o pensamento das crianças é diferente do
dos adultos: ele dizia que o ser humano só aprende realmente o que
constrói autonomamente.
Não adianta, afirma o pedagogo, formar professores para "dar
aulas", "passar matérias" e "controlar a disciplina". "É possível
"dar" aula de outro jeito, sem ser
reprodutivista, aulista, instrucionista." Uma das soluções, segundo ele, é a proposta de Paulo Freire (1921-1997), de que "na formação permanente dos professores,
o momento fundamental é a reflexão crítica sobre a prática".
O educador descartaria da formação do professor os treinamentos que visam só reproduzir,
sem reflexão crítica sobre a prática. "Essa formação continuada é
inútil, como mostram os dados
sobre a piora do desempenho escolar. Deve-se descartar o professor descartável."
Esse gênero de professor, para
ele, pode ser substituído por computador, vídeo ou TV.
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