São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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7 SAÚDE PÚBLICA

Divisão por regiões racionaliza sistema

DA REPORTAGEM LOCAL

O sistema de saúde de São Paulo não tem como evitar que um paciente com equimose -a popular sarna- atravesse 30 km para ser tratado no Hospital das Clínicas, referência na cidade.
A caricatura feita por Paulo Eduardo Mangeon Elias, professor de políticas de saúde da Faculdade de Medicina da USP, tem um alvo claro: mostrar que não há racionalidade no gerenciamento do sistema de saúde paulistano.
A criação de um sistema de informação, fundamental para existir um planejamento, e a atribuição de responsabilidades e regionalização dos hospitais poderiam ser feitos, segundo Elias, "só com o consumo de neurônios".
O problema número um da saúde na cidade, de acordo com o professor, é o acesso aos serviços: as pessoas adoecem e não sabem aonde buscar tratamento.
A solução, segundo ele, seria a reestruturação do sistema hospitalar, na qual os quatro principais hospitais cuidariam de suas regiões. O Hospital das Clínicas seria o líder das regiões oeste e sul; a Santa Casa, do centro, o Santa Marcelina, da região leste, e o São Paulo, da região sul.
Eles definiriam que hospitais de sua área seriam responsáveis por quais doenças e cuidaria do treinamento. Deveriam também gerenciar um sistema de informação de sua área, de acordo com a proposta de Elias.
"Precisa haver uma liderança técnica em cada região para haver inteligência no sistema", sugere. "Hoje ninguém se responsabiliza por nada".
O planejamento e a administração dos sistemas de saúde da prefeitura e do Estado devem ser integrados, segundo Elias. Até hoje, essa integração depende de quem ocupa a prefeitura e o governo do Estado. "Isso não é republicano. O sistema de saúde não pode depender de quem é o prefeito ou o governador", afirma.
A racionalidade da saúde é tão precária em São Paulo, aponta Elias, que só no ano passado foi feito um censo dos equipamentos das 386 unidades básicas de saúde. Fluxo de gastos e produtividade, diz o professor, são medidos de um modo primitivo.

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