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Rede pública tem 42% de docentes satisfeitos
Estudo da OEI mostra, ainda, que na rede particular há 71% de professores que aprovam condição de trabalho
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar das reclamações sobre salários, jornadas extensas
e classes superlotadas, 42,4%
dos professores da rede pública
do país se dizem satisfeitos com
suas condições de trabalho. A
conclusão é de um estudo da
OEI (Organização dos Estados
Ibero-americanos), a ser apresentado hoje, em São Paulo.
Para o levantamento, foram
entrevistados 3.584 docentes
do ensino fundamental, das redes pública e particular de sete
Estados (incluindo São Paulo).
Se considerados os sistemas
público e privado, o percentual
de satisfação sobe para 56,9%.
"O nível de satisfação na rede
pública é surpreendente", afirmou à Folha a pesquisadora
Maria Tereza Perez Soares,
coordenadora do estudo (financiado pela Fundação SM).
"O número mostra um lado
que a gente não vê. Talvez a impressão que temos da situação
dos professores venha da parte
corporativa [sindicatos e confederações], o que pode não refletir a situação de boa parte
dos professores", completou.
A presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Juçara
Dutra Vieira, discorda. "Nas
condições adversas que temos,
o que anima os educadores é a
satisfação com o trabalho, a relação com os alunos."
A professora da rede estadual paulista Fátima Varuzzi,
49, se diz satisfeita com seu trabalho. "O amor que tenho pelos
alunos supera dificuldades como salário e falta de funcionários", disse ela, que leciona na
zona norte de São Paulo.
"Mas acho que vai melhorar
com os concursos", completa,
referindo-se à intenção do governo estadual de preencher
2.545 cargos de secretário de
escola e de selecionar 12 mil
professores-coordenadores.
A coordenadora do curso de
pedagogia da Unicamp, Angela
Soligo, diz que pesquisas com
um grande número de entrevistados, em que as opções de
resposta têm de ser determinadas, pode tornar o resultado
impreciso. "Aquele professor
que está mais ou menos satisfeito pode ter escolhido a opção
satisfeito", disse.
Um estudo como esse, afirma, "não pode ser encarado como verdade absoluta, mas sim
um indicador a ser investigado
com pesquisa qualitativa".
Na rede privada, a pesquisa
mostrou que 71,1% estão satisfeitos. O índice é maior do que
na Espanha, onde foi de 62,5%
(estudo semelhante foi feito
naquele país em 2006).
"O brasileiro, em si, é mais
otimista", afirmou o secretário-geral da OEI, Álvaro Marchesi, que é espanhol.
"E a Espanha está passando
por situações novas, como aumento no número de imigrantes e maior disputa com outros
países europeus. São situações
novas para os professores, que
podem ter interferido."
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