São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2000

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OUTRO LADO

Médico deve ter liberdade de opção, dizem fabricantes

DA REPORTAGEM LOCAL

A Abifarma, a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica, considera que a Agência de Vigilância Sanitária está suficientemente equipada para garantir segurança aos consumidores de medicamentos. Mas não concorda com uma "seleção" de remédios supostamente mais eficazes em detrimento de outros.
"O médico receita o que considerar mais apropriado", diz Ciro Mortella, presidente da Abifarma. "Se um medicamento é superado, o próprio mercado fará a seleção."
Elisaldo Carlini, professor de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo e que já dirigiu a Vigilância Sanitária, diz que há um número excessivo de medicamentos similares. São mais de 70 remédios à base de ácido acetilsalicílico ou dipirona, por exemplo. Com tanta concorrência, ele diz que os laboratórios reduzem a qualidade para poder cortar custos. "A Vigilância deve exercer controle rigoroso sobre os laboratórios, para que sobrevivam os que oferecem qualidade."

Custo-benefício
Para a Vigilância Sanitária, "não há remédios inócuos, nem totalmente seguros". "A forma menos insegura de se tomar um medicamento é ter acesso a uma consulta médica de qualidade", diz Maurício Vianna, gerente de medicamentos da agência. "Só o médico sabe avaliar o custo-benefício de uma droga."
A recomendação seria dispensável se o brasileiro tivesse acesso a uma consulta médica de qualidade e se houvesse controle nas farmácias.
Os remédios com tarja vermelha, que trazem a inscrição "venda sob prescrição médica", só poderiam ser vendidos com a apresentação da receita. São vendidos livremente.
"Nosso grande desafio é fazer valer o controle do receituário na farmácia", diz Vianna.
Sem médico, a reação adversa nem é identificada. O controle sobre as farmácias cabe aos Estados e municípios. Mas depende antes de tudo da educação das pessoas e da qualidade dos serviços médicos.




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