São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 2002

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PANORÂMICA

CORRUPÇÃO

PMs são acusados de avisar tráfico sobre invasão à Cidade de Deus, no Rio
Policiais militares do PPC (Posto de Policiamento Comunitário) da Cidade de Deus (zona oeste do Rio) estão sendo investigados sob a acusação de, em troca de dinheiro, terem avisado aos traficantes que o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e o Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel) da PM (Polícia Militar) invadiriam a favela na noite de 21 de novembro para impedir um baile funk.
O aviso está em conversas captadas por radiotransmissores da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. "Atenção, todas as bases aí. Vamos ficar ligados, o pessoal da "casinha" deu um "catuque" de que o "pessoal de preto" vai invadir", consta de um diálogo interceptado. Segundo a investigação, pessoal da "casinha" é referência aos policiais do PPC. Já o "pessoal de preto" é a tropa do Bope, que usa uniforme negro. "Catuque" significa informação.
Trechos dos diálogos constam de relatório feito pela Subsecretaria de Inteligência. Segundo as gravações, os PMs receberam pela informação. A mensagem foi captada três minutos após um oficial do Getam ter falado sobre a operação aos policiais do PPC. O oficial teria ido ao posto para saber qual a melhor forma de invadir a Cidade de Deus.
O subsecretário, coronel Antônio Freire, disse que o contato entre os PMs e os traficantes atrapalhou a ação. O baile, que serviria de fachada para uma reunião entre líderes do Comando Vermelho, não aconteceu.
Os agentes da subsecretaria realizaram nova operação na Cidade de Deus na semana seguinte, e flagraram, em imagens captadas por um dirigível, quatro policiais do PPC supostamente recebendo propina para liberar um homem que fora levado por eles, algemado, para a 32ª DP, em Jacarepaguá (zona oeste).
(DA SUCURSAL DO RIO)


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