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Carrinhos de chope causam discórdia
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A BARRA DO SAHY
Novidade no litoral norte
de São Paulo -e, com ela,
uma nova discórdia. Carrinhos de uma famosa marca
de cerveja, parecidos com
aqueles de picolé, começaram a vender chope no último sábado em São Sebastião.
Resultado: barraqueiros
instalados ali há mais de dez
anos estão para lá de insatisfeitos e vêem concorrência
desleal no novo negócio.
A bebida, vendida supergelada em um copo de isopor
de 400 ml, a R$ 4, caiu no
gosto dos banhistas.
Lançados nas badaladas (e
caras) praias da Baleia e Barra do Sahy, os carrinhos de
chope devem se espalhar por
Juqueí, Maresias, Boiçucanga, Barra do Una e Camburi
nos próximos dias.
O movimento contra a novidade é liderado pelos barraqueiros Helô, Zé e Serginho, velhos conhecidos dos
veranistas e donos de casas
na Barra do Sahy. "Trabalhamos o ano inteiro esperando
por essa época, aí aparece isso e acaba com a gente. Vou
ter de demitir alguns empregados [ela tem ao menos uns
12]", diz Heloísa Pereira da
Silva, da barraca da Helô.
"Quem tomava cerveja
agora vai preferir tomar chope. Estamos muito chateados", afirma Sérgio Leal, da
barraca do Serginho.
"Cada um tem seus interesses. Assim como todos,
preciso trabalhar. E geramos
ao menos 15 empregos em
cada praia", responde Henrique Estavski, dono de uma
loja de decoração, filho da
dona do supermercado local
e coordenador da promoção
dos carrinhos de chope.
Ele diz ter alvará da prefeitura para realizar o serviço,
mas mostra apenas um e-mail como suposta autorização. Os barraqueiros têm licença para funcionar e são
controlados, por exemplo,
no número de empregados.
A estimativa de Estavski é
vender 120 copos (um barril
de 50 litros) por carrinho. O
serviço também é oferecido
para quem faz churrasco em
casa, por R$ 550 o carrinho.
A oferta de chope na praia
se aproveita da falta de regulamentação para venda de
bebida alcoólica em locais
públicos. Se a promessa do
ministro José Gomes Temporão (Saúde) de restringir o
álcool vingar, este deve ser o
último verão com venda livre
de bebidas na praia.
"Gostei de idéia. O consumidor precisa ter opções",
diz o publicitário André Romano, um dos primeiros a
provar a novidade.
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