São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GILBERTO DIMENSTEIN Feliz Ano-Novo, Jonas
A VIDA TORNOU-SE insuportável para Jonas Tadeu dos Santos, de 15 anos, na escola pública em que estudava na periferia de São Paulo. Virou vítima de agressões cotidianas de vários colegas porque sentava na frente e gostava de estudar. "Não conseguia mais me concentrar." Foi aconselhado por professores a buscar outro colégio. O que era um problema tornou-se, hoje, uma solução -e não só para ele. Jonas leu numa revista a lista das melhores escolas da cidade de São Paulo. "Minha família jamais teria dinheiro para pagar as mensalidades." Fez uma aposta: mandou uma carta à direção dos 50 colégios com melhor posição da lista. "O pior que poderia acontecer era um não." Mas a idéia de voltar para sua escola lhe parecia um pesadelo.
Uma carta voltou com a resposta positiva. Jonas começou a freqüentar o
Colégio Augusto Laranja. Não se incomodou com a maratona diária, na
qual é obrigado a pegar várias conduções e andar a pé. Encontrou mais
uma solução em um problema. Jonas viu, por várias vezes, as dificuldades que os portadores de deficiência auditiva tinham para se comunicar no metrô e nos pontos de ônibus.
"Muitos ficavam desesperados."
A simulação educativa tomou rumos inesperados. No dia de sua
apresentação na Câmara, Jonas não
sabia, mas estava sendo observado
pela vereadora Mara Gabrilli, defensora dos direitos dos portadores de
deficiência. "Adorei a idéia", diz ela.
PS: Escolhi Jonas para ser minha
última coluna do ano porque revela
o que podemos fazer numa cidade
quando o talento é incentivado. Daí
se vê o que perdemos todos os dias. |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |