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Fundador da Gol é acusado de ordenar mais um assassinato
Constantino é indiciado sob a suspeita de ter mandado matar homem que invadiu área
Defesa nega as acusações; Constantino já havia sido indiciado sob a acusação de outro crime, também em 2001, pela mesma razão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Nenê Constantino, fundador e presidente do
Conselho de Administração da
Gol, foi indiciado pela Polícia
Civil do Distrito Federal sob a
suspeita de ser o mandante de
mais um homicídio e de uma
tentativa de assassinato.
Por meio de nota, a defesa de
Constantino alega que "os referidos inquéritos policiais não
contêm qualquer indício que
possa sustentar a conclusão a
que chegou a autoridade policial" (leia texto abaixo).
Há duas semanas, o empresário havia sido indiciado sob a
acusação de ordenar a morte de
Márcio Leonardo de Souza Brito, líder de um grupo de 60 famílias que ocupavam um terreno de uma empresa pertencente a Constantino, a viação Planeta. O crime ocorreu em outubro de 2001. Ele nega.
Nos últimos dias, a polícia diz
ter concluído, por meio de um
exame balístico, que a arma da
qual saíram os três tiros contra
o líder comunitário -um revólver calibre 38- foi a mesma
que matou o motorista de caminhão Tarcísio Gomes Ferreira e feriu o pintor autônomo
José Amorim dos Reis em fevereiro daquele mesmo ano.
A constatação embasou o novo indiciamento, que também
atingiu dois auxiliares de Constantino: João Alcides Miranda,
funcionário de uma de suas
empresas, e Vanderlei Batista
Silva, vereador de Amaralina
(GO). O primeiro é suspeito de
ter atraído as vítimas para o local do crime, e o segundo, de ter
intermediado a negociação entre o empresário e o matador,
ainda não identificado.
O motorista Tarcísio Gomes
Ferreira também morava no
terreno pertencente à viação
Planeta. Segundo o delegado
Luiz Julião Ribeiro, ele foi morto na frente de um trailer que
vendia comidas, ao qual foi com
a filha de quatro anos.
Ainda segundo o delegado,
Miranda, funcionário de Constantino, gritou o nome da vítima antes dos tiros. A hipótese
da polícia é que ele queria identificar o alvo para o matador.
Amorim, outro morador, levou
dois tiros, mas sobreviveu.
Outro fato apresentado como evidência da relação entre
os dois crimes é a distribuição
de um folheto entre os moradores do terreno, logo após o primeiro assassinato, com os seguintes dizeres: "Desta vez nos
enganamos; da próxima não vamos nos enganar".
Para os investigadores, o motivo do assassinato do motorista de caminhão foi intimidar os
moradores do terreno e forçá-los a deixar o local. Como a estratégia não teria funcionado,
decidiram matar o líder comunitário nove meses depois, o
que culminou na saída dos ocupantes do local. Segundo a polícia, após o crime, o vereador
Vanderlei comprou um carro
de R$ 37 mil, valor que não poderia pagar com seu salário.
Os dois inquéritos continuam em andamento, diz o delegado, para a busca de novas
provas. Ele nega que as evidências obtidas até agora não sejam suficientes para obter a
condenação dos suspeitos.
"Prova nunca é demais."
O indiciamento é um ato policial pelo qual o presidente do
inquérito conclui haver indícios suficientes da autoria de
um determinado crime. Cabe à
Justiça definir a culpa ou não
do acusado.
(ANGELA PINHO)
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