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André Urani (1960-2011) O economista que amava o Rio ANTONIO GOISDO RIO O economista André Urani era italiano de nascimento e brasileiro por naturalização, mas, dada sua paixão e interesse pelo Rio, talvez o melhor adjetivo que o identificasse fosse o de carioca. Descobriu aos 50 anos, em 7 de setembro do ano passado, dois cânceres: um no estômago e outro no intestino. Mesmo sob efeito da quimioterapia, não parou de produzir estudos, artigos e encontros que discutiam, principalmente, o futuro do Rio e da economia fluminense. O bom trânsito entre pesquisadores, políticos e lideranças da sociedade civil fez dele um dos intelectuais de maior influência e prestígio. Era presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e, de 1997 a 2000, foi secretário municipal de Trabalho do Rio de Janeiro. Numa apresentação em fevereiro deste ano, usou sua doença como metáfora para os desafios da cidade e do Estado. Contou que, ao ver sua foto um ano antes e 35 quilos mais gordo, não mais se reconhecia na imagem. Afirmou então que "a doença é também uma oportunidade para tentar levar uma vida mais condizente com você mesmo". O Rio precisava fazer o mesmo. Urani gostava de usar um trecho de uma música do grupo Legião Urbana para resumir este desafio: "O futuro não é mais como era antigamente". O Rio se recusava a admitir a queda e insistia em pensar o futuro tentando reeditar algo que deixou de ser. "É uma doença da alma, pois não somos capazes de assumir nossa própria identidade." Sua apresentação, no entanto, terminava com o mesmo otimismo e bom humor com que encarou até o fim o câncer, destacando mudanças recentes na economia fluminense. "O Rio deixou de ser um samba de uma nota só de petróleo. O momento é mágico, mas não podemos largar o osso. Temos que nos apropriar do futuro", afirmou. Ele deixa três filhos. Seu corpo será cremado hoje, às 15h, no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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