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Relatório diz que Controlar sonegou dados para evitar redução de tarifa

Em documento, prefeitura diz que empresa da inspeção veicular não deu informações completas

Concessionária, que contestou tarifa menor, afirma que nem todos os papéis solicitados estavam digitalizados

ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A Controlar, responsável pela inspeção veicular, deixou de apresentar documentos pedidos pela Prefeitura de São Paulo no processo que definiu a redução da tarifa de R$ 61,98 para R$ 44,36.

As informações, segundo documentos obtidos pela Folha, começaram a ser pedidas em fevereiro para que a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) calculasse o novo valor da tarifa. O estudo foi solicitado após determinação do Tribunal de Contas do Município.

Parte dos documentos pedidos à Controlar, segundo a prefeitura, foi entregue após uma multa de R$ 12 mil. Entre eles estavam balanços, balancetes e notas fiscais.

Outra parte dos papéis, porém, a própria empresa confirma não ter entregue porque, segundo ela, não tinha cópias digitalizadas.

Num relatório de 16 de setembro, dias antes da conclusão do estudo, a prefeitura diz que a empresa apresentou somente "dados e pleitos que lhe foram convenientes".

Diz, ainda, que ela agiu com "torpeza" ao tentar beneficiar-se da própria omissão para contestar os resultados apresentados pela Fipe.

SOLICITAÇÕES

"A Controlar não gozou toda a oportunidade que lhe foi dada, haja vista ter se recusado a apresentar parcela de documentação solicitada pela SVMA [Secretaria do Verde e do Meio Ambiente] como necessária a elaboração do estudo nos termos convencionados, mesmo após diversas e reiteradas solicitações."

Questionada pela Folha, a prefeitura diz que os "documentos apresentados após a multa foram considerados suficientes pela Fipe" para que ela concluísse o estudo de reequilíbrio econômico do contrato com a Controlar.

QUESTIONAMENTOS

O valor cobrado pela Controlar é um dos pontos questionados na ação do Ministério Público Estadual.

Liminar concedida pela Justiça determinou à prefeitura a abertura de nova licitação para os serviços até o final de fevereiro.

A decisão bloqueou ainda os bens do prefeito Gilberto Kassab (PSD), de seu secretário Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) e de empresas e empresários ligados à Controlar.

Segundo a Promotoria, o serviço de inspeção veicular foi iniciado na capital em 2008 sem que houvesse estudos que indicassem qual seria o valor a ser cobrado.

Um estudo que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirma ter feito em 2008 para definir o valor da tarifa cobrada dos paulistanos é questionado pelo Ministério Público Estadual.

De acordo com a Promotoria, esse estudo da prefeitura "foi apenas mais um jogo de cena, não tinha aptidão técnica para enfrentar a questão referente ao equilíbrio financeiro do contrato".

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