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Almerice da Silva Santos (1924-2011) Dona Teté e o rebolado do cacuriá ESTÊVÃO BERTONIDE SÃO PAULO Durante o batizado, o padre achou Almerice da Silva Santos uma criança muito pequenininha para ter um nome tão grande. Por isso, deu-lhe o apelido Teté, que pegou. Nascida em São Luís do Maranhão, ela perdeu a mãe aos quatro e o pai aos 14. Foi criada pela avó e a madrinha. Na lida começou cedo, na adolescência. A filha, Marlene, lembra que, nas secas, ela e a mãe, lavadeiras, percorriam a cidade atrás de água. Trabalhou ainda como auxiliar de limpeza pelo Estado. Interessada nas festas populares, tornou-se rezadeira, cantora de ladainha e tocadora de caixa, tipo de tambor que aprendeu na infância, vendo uma vizinha tocar. Começou a participar das festas do Divino organizadas por seu Lauro, mestre da cultura popular e criador, na década de 70, do cacuriá, uma dança derivada do carimbó. Nos anos 80, dona Teté foi convidada a dar aulas de caixa e a participar de peças no Laborarte, que desenvolve trabalhos artísticos. Acabou tendo seu próprio grupo lá. Seu estilo de cacuriá, porém, tinha coreografia mais sensual, com mais rebolado. Seu Lauro e outros artistas conservadores acusaram-na de "escandalizar" a dança. Apesar da reação, dona Teté foi uma das maiores responsáveis pela difusão do cacuriá no Estado, que ganhou muitos outros grupos depois. Gravou discos e se apresentou pelo Brasil e em Portugal. Quando questionada sobre o que não podia faltar na dança, brincava: "Cachaça". Morreu no sábado (10), aos 87, em decorrência de um AVC (acidente vascular cerebral). Teve uma filha, cinco netos, 18 bisnetos e seis trinetos. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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