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Ana da Silva Sousa (1943-2011)

Baiana que veio ser uma segunda mãe em SP

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Ana da Silva Sousa, registrada em Condeúba (BA), mas crescida em Alagoinhas (BA), começou na lida aos quatro anos, plantando feijão na roça. O pai era rígido e não permitia que ela se casasse, conta o filho, Luiz Henrique, 40.

Aos 25, com dinheiro emprestado para a passagem, veio fugida para São Paulo, onde já tinha alguns irmãos.

Na capital, conseguiu trabalho como empregada doméstica. Passou por muitas casas, mas, na da arquiteta Solange de Campos Gassi Ladeira, ficou por cerca de 20 anos. Tornou-se a segunda mãe dos três filhos da patroa.

Solange lembra que o menino do meio, na adolescência, só comia frango com polenta. Culpa de Anita, como a empregada era chamada.

"Deixa o meu loirinho comer o que gosta", ela dizia.

Teve o único filho, Luiz, de um relacionamento que não vingou. Mãe solteira, deixava, no começo, o garoto com uma irmã e só o visitava aos domingos, pois morava nas casas em que trabalhava.

Achava o serviço doméstico muito desgastante e, por um tempo, tentou viver como costureira. Mas vendia muito a fiado, desistiu e voltou a trabalhar como empregada.

Aposentou-se quando conheceu um companheiro, o ferramenteiro Victorino, de quem cuidou até o fim da vida -ficou viúva em 2008.

Luiz Henrique, que já foi auxiliar administrativo e pedreiro, decidiu fazer supletivo e acabou de terminar o primeiro ano de letras na USP. Era o orgulho de Anita.

Ela voltou à Bahia duas vezes e acertou as contas com o pai. Morreu na sexta (23), aos 68, devido a um câncer descoberto há poucos meses.

coluna.obituario@uol.com.br

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