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Dono de empresa admite falha técnica em implosão

Kassab reafirmou ontem que operação atingiu objetivo, que era liberar trens

Engenheiros voltam a criticar a postura do prefeito, que não reconhece erro na ação na favela do Moinho

EDUARDO GERAQUE
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Um dos donos da empresa Desmontec admitiu ontem que houve falha técnica na implosão do prédio que fica ao lado da favela Moinho.

Domingo, após a detonação de 400 quilos de explosivos (a prefeitura havia anunciado o dobro), só dois andares do edifício, que tinha seis, desabaram por completo.

"Foi triste [ver que o prédio ficou em pé]", disse Wesley Bartoli, dono da empresa responsável pela implosão, em entrevista à TV Globo.

Mais tarde, o filho dele, Hewerton Bartoli, também diretor da firma de demolição, repetiu à Folha o discurso da Prefeitura de São Paulo.

"O objetivo era liberar a circulação dos trens. E isso foi feito". Questionado sobre a eventual falha na implosão, o executivo disse: "Fizemos o nosso melhor na operação".

RESULTADOS

O prefeito Gilberto Kassab (PSD), que mandou seus colegas engenheiros, que criticaram a implosão, de volta "aos bancos escolares", defendeu mais uma vez toda a operação.

"Determinei que fosse feita a implosão e que não oferecesse risco para a comunidade. A questão se vai implodir ou não, se vai cair tudo, é irrelevante. O importante lá era o restabelecimento da circulação dos trens".

A tese criada pela prefeitura após o insucesso da implosão é criticada por engenheiros ouvidos pela Folha.

"Implodir um prédio parcialmente não existe. Isto é um absurdo. O que ocorreu foi um erro técnico", afirma Fábio Bruno, diretor da Fábio Bruno Construções, sediada no Rio, que já fez mais de 30 implosões e ganhou prêmios importantes no exterior.

"Em uma operação como a feita no domingo, de um prédio leve, sempre existe a possibilidade de o prédio sentar sobre ele mesmo. Falar que isso era intenção desde o início não existe".

Especialistas também afirmam que existe risco para a operação dos trens que circulam pela região.

"Não significa dizer, e aí sim seria leviano da minha parte, que vai ocorrer alguma coisa", afirma Manoel Dias, engenheiro que participou de implosões como a do Carandiru e do edifício Palace 2.

O Ministério Público afirmou ontem que vai investigar a implosão. Segundo o promotor Maurício Ribeiro Lopes o inquérito será aberto na segunda e vai investigar se o transporte funcionou em segurança desde o restabelecimento da circulação.

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