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Análise

Critérios de correção da redação são subjetivos

EMBORA PAREÇAM CLARAS, MUITO DA SUBJETIVIDADE DA CORREÇÃO DECORRE DA MÁ DEFINIÇÃO DA FINALIDADE DA PROVA

CARLOS EDUARDO BINDI
ESPECIAL PARA A FOLHA

No vestibular, um estudante poderá escrever sua redação usando vocabulário simples, sintaxe correta, de forma clara, cristalina.

Como um bom jornalista faz, ele poderá comunicar-se bem, mas sem estar sendo propriamente "criativo".

Ou ele poderá redigir seu texto agregando, à redação clara, maior sofisticação, com vocabulário denso, sintaxe menos trivial, citações bem colocadas, como um articulista. O texto terá, assim, um pouco mais de "criatividade".

Também poderá, o estudante, tentar fazer sua redação com a habilidade de um escritor profissional, valendo-se de mais recursos retóricos, refinando o texto, dando a ele estilo e um formato mais artístico ou literário.

Se um jovem de 17 ou 18 anos pudesse escrever com a simplicidade e clareza de um jornalista já seria excelente. Afinal, clareza na comunicação é algo precioso em nosso confuso mundo de interconexões. E o domínio artesanal da palavra vai além do que fornece a boa educação básica -ele exige tempo e também maturidade. O que conta nos exames de redação?

Embora as propostas pareçam claras, muito da subjetividade que afeta a correção pode decorrer da má definição da finalidade da prova, do que se espera dos alunos.

Não é preciso esforço para encontrarmos problemas nas correções das redações. Ainda agora, um candidato do Enem questionou o fato de sua redação ter sido anulada -por dois corretores- e, na revisão, sua nota subiu para 880, ficando entre as maiores do exame [leia acima].

Certamente os problemas da redação nos vestibulares merecem atenção e cuidados de todos. O que menos precisamos é de complacência com suas deficiências.

No exame da Fuvest do ano passado, foram aprovados estudantes com apenas 21 pontos (máximo 100) em português/redação. Em letras, na USP, no curso que forma futuros corretores de provas. Um paradoxo, para reflexão.

CARLOS EDUARDO BINDI é educador do Grupo Educacional Etapa

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