Desabrigados vivem há 1 ano em hospital de Nova Friburgo

Há um ano, a Policlínica Dr. Dermeval Barbosa Moreira, em Nova Friburgo (RJ), não é usada para atendimento médico ou internações.

Usada como abrigo para atingidos pela chuva no ano passado, a unidade de saúde, até hoje, possui nove famílias que aguardam a entrega de casas prometidas pelo poder público, mas cuja construção nem começou.

O prédio de três andares e 20 quartos abriga 38 pessoas -16 crianças-, que ganham alimentos da prefeitura. Alguns recebem os R$ 500 mensais de aluguel social, mas não saem porque dizem não encontrar moradia.

Todos vivem em camas, colchões e com roupas doadas. No período, alguns compraram ou ganharam TV, computador e aparelhos de som. Apesar do toque pessoal, ninguém se diz em casa.

"É tranquilo, mas ninguém dá muita confiança porque não sabe com quem está lidando", diz a faxineira Janaína de Souza, 26.

A permanência dos moradores não é mais desejada pela prefeitura. "É uma anomalia a pessoa receber aluguel social e permanecer no abrigo. A clínica tem que voltar a funcionar", afirma o secretário municipal de Assistência Social, Jorge Ebenezer.

Os abrigados dizem que são constantemente pressionados a sair, sob ameaça de perder o aluguel social.

A dona de casa Valdineia da Silva, 38, cedeu à pressão e alugou uma casa no bairro São Geraldo. Mas diz que a casa está rachada, sob risco, e quer voltar ao abrigo.

"Quero voltar, mas não deixam mais."