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Silvio Bertolini (1931-2012)

O trompetista do Brinco de Ouro

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Quando chegou a Campinas, o jovem Silvio Bertolini torcia para a Ponte Preta. Frequentou o estádio Moisés Lucarelli com seu trompete até o dia em que resolveu tocar o hino do adversário que acabara de vencer o jogo. Tomou uma sorvetada na cabeça.

Após a agressão, Silvio virou a casaca: ele e o trompete passaram a ser vistos e ouvidos no Brinco do Ouro, o estádio do rival Guarani. Logo virou um símbolo da torcida.

Natural de Serra Negra (SP), filho de um comerciante e de uma costureira, começou a tocar na infância, mas achou que não teria futuro na música. Seu primeiro emprego foi como soldador, o que o levaria, anos mais tarde, a nomear seu livro de lembranças de "O Soldador de Penicos".

Em Campinas, para onde se mudou, criou algumas empresas com um irmão. Teve ferraria e foi um dos primeiros a trabalhar com esquadrias de alumínio na cidade. Depois, abriu uma revenda.

Paralelamente, continuou assoprando seu trompete -teve aulas em casa até o fim.

Tocava em todo lugar, conta a filha Cláudia: em velório, restaurante, bar, com bandas e orquestras. "Podia esquecer dos filhos, mas nunca esquecia do pistão", brinca ela.

Eclético, seu gosto ia de ópera a samba. Em casa, fez com que todos tocassem um instrumento -uma filha é regente de corais na Alemanha.

Compunha e gravou dois discos que distribuía para familiares e amigos. Estava fazendo uma canção para a neta Imaira, mas não terminou.

Morreu na quarta, aos 80, após uma parada cardíaca ao fazer um cateterismo. Casado com Elza, teve seis filhos, dez netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br

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