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Centro do poder, Brasília também tem usuário de crack

JOHANNA NUBLAT
ALAN MARQUES
DE BRASÍLIA

Não faltaram exemplos vivos para os ministros que desenharam o mais recente plano federal contra o crack, lançado em dezembro passado.

Crianças e adultos usuários de crack perambulam em pequenas cracolândias distantes no máximo 6 km do Palácio do Planalto, onde fica a presidente Dilma Rousseff, o Congresso e a Esplanada dos Ministérios.

Estimativa recente do governo do Distrito Federal aponta que, só na região central de Brasília, são 2.000 usuários, concentrados na faixa etária de 10 a 25 anos.

"Por isso falo em guerra [contra a droga]", diz Jefferson Ribeiro, secretário de Justiça em exercício do DF.

Rosilene, 26, afirma que é um deles. Dorme na tribuna da hípica do Parque da Cidade com amigos, e compra a droga na rodoviária. Ganha dinheiro vigiando carro ou pedindo e já se prostituiu -diz que parou após agressões.

Segundo ela e outras mulheres, muitas vezes o sexo é trocado pela droga.

Nos últimos seis meses, a reportagem acompanhou o movimento dos usuários no dito "coração" da República. Em julho de 2011, eles se concentravam no estacionamento público atrás do shopping Conjunto Nacional, na rodoviária central e adjacências e em frente a hospitais.

"Muitas vezes, eu 'fico' com os meninos que têm droga", relatou Rita, 15.

HISTÓRIAS DE DOR

Na última semana, com policiamento ostensivo, os usuários se espalharam. Foram vistos próximos à rodoviária, no Setor Comercial Sul e no Parque da Cidade. Segundo a delegacia da região, a oferta da droga foi reprimida.

Na noite de quinta, a reportagem se deparou com Sueli, 34, numa galeria subterrânea no Setor Comercial Sul. A área, cheia de escritórios, é famosa por ter travestis e garotas de programa à noite.

Grávida de quatro meses e sob aparente efeito da droga, Sueli chorou ao relatar sua vida, classificou o crack de "maldição" e disse, mais uma vez, já ter feito programas.

O governo local lançou em agosto um plano contra o crack e espera investir R$ 46 milhões neste ano. Entre as medidas, mais policiamento e vagas para tratamento.

O secretário diz que o desafio é estreitar a relação com o governo federal. Até agora, na prática, o que houve foi um acordo para repasse de verba para a ampliação de Consultórios de Rua e Centros de Atenção Psicossocial.

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