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Explosão do crack mobiliza cidade nos EUA

FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A OAKLAND, CALIFÓRNIA

Mais de 20 anos atrás, a psicóloga americana Deborrah Bremond entrava em bairros degradados pelo crack em busca de mulheres viciadas que haviam largado seus bebês. Hoje, a situação é outra em Oakland, cidade ao lado de San Francisco.

"Houve uma revitalização, mas as pessoas continuam usando drogas. Não voltaria aqui à noite", diz Deborrah, que por mais de uma década trabalhou em programas de combate ao crack em Oakland, uma das cidades mais violentas dos EUA.

Com menos de 400 mil habitantes, a cidade teve aumento de casos relacionados a drogas na década de 1980. Ao mesmo tempo, o governo do presidente Ronald Reagan (1981-1989) iniciava a guerra contra as drogas. Nunca tanta gente foi presa no país. O número subiu de 330 mil para 800 mil em dez anos.

"Foi um ataque aos direitos civis. Ninguém queria ver como uma questão de saúde. Negros e latinos pobres eram a maioria absoluta dos presos, vistos como ameaça à classe média branca", diz o professor de sociologia Craig Reinarman, da Universidade da Califórnia-Santa Cruz, organizador do livro "Crack in America", de 1997.

PARCERIA

Em Oakland, moradores, agentes de saúde e educadores se uniram em 1989 para pressionar o governo por tratamentos e criação de grupos de apoio focados na família afro-americana.

"Foi um processo para educar juízes, advogados, policiais, famílias", lembra Deborrah, hoje aposentada. "Fazer com que as grávidas presas fossem encaminhadas para tratamento ou que não ficassem distantes dos bebês."

Segundo o professor Reinarman, assim como o crack chegou às ruas, também sumiu rapidamente, após cinco ou seis anos.

A Pesquisa Nacional de Saúde e Uso de Droga nos EUA estima que 1,5 milhão de americanos usaram cocaína (matéria-prima do crack) em 2010, contra 2,4 milhões em 2006. Maconha é a droga mais consumida, por 17 milhões, enquanto sedativos e estimulantes foram usados por 7 milhões.

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