Desabrigados peregrinam até albergue sem infraestrutura

Cerca de 500 ex-moradores do Pinheirinho fizeram ontem uma caminhada de quase uma hora, sob forte calor (33,6º C às 14h), carregando pertences e crianças, por um trajeto de cerca de 4 km até chegarem a um abrigo da prefeitura montado em um centro poliesportivo.

A caminhada se deu por conta da desativação do único abrigo não oficial, localizado na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no vizinho bairro Dom Pedro. A igreja não tinha mais condições de cuidar das famílias.

A prefeitura não enviou caminhões, ambulância nem agentes de trânsito para organizar a caminhada, que ocupou parcialmente várias vias. O tráfego era organizado pelos próprios moradores.

Entre as pessoas caminhando, havia muitas mulheres, crianças e idosos. Cerca de 30 carros dos moradores levavam pertences, como colchões e roupas. Mulheres empurravam carrinhos de bebê com roupas e objetos.

A maioria não havia almoçado. Ao chegar ao abrigo, uma grávida de três meses desmaiou. Houve tumulto. Ela foi socorrida por PMs.

Quando conseguiram entrar no abrigo, os protestos não pararam, desta vez por conta da falta de estrutura. Não havia água nos banheiros e fazia muito calor no local, que tem telha de zinco.

"Não há condições de ninguém ficar aqui", afirmou a desempregada Maria Elisangela da Silva, 50 anos.

A Defensoria Pública afirmou que entrou anteontem com uma ação civil pública contra a prefeitura pedindo a retirada das famílias dos abrigos por falta de condições.

A prefeitura informou que parte do desconforto ocorreu devido ao número de pessoas que apareceu.

A estimativa inicial era de 300 pessoas. A gestão diz que algumas famílias seriam levadas ontem a outros abrigos e que estuda ativar um quinto alojamento.