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Alberico Costa Barros Júnior (1930-2012)

O carteiro e o dia de São Sebastião

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Todo dia de São Sebastião (20/1) era dia de Alberico Costa Barros Júnior receber telefonemas dos familiares querendo saber se estava bem.

O costume teve início há 40 anos, quando sonhou com o finado primo Zé, que lhe contou: sua morte seria num dia de São Sebastião. Só não lhe disse o ano. Bem-humorado, passou as últimas quatro décadas brincando com isso.

Natural de Restinga (SP), Alberico cresceu numa fazenda próxima a Sales Oliveira, onde o pai era ajudante. Começou trabalhando na roça.

Como desejava ser carteiro, um dia escreveu para um deputado pedindo para ser nomeado para o cargo. A resposta, via telegrama, confirmava que conseguira o serviço em Cândido Mota (SP).

Trabalhou na função de 1960 a 1991. Passou por São José do Rio Preto, Monte Alto e Taquaritinga. Chefiou agências e incentivou a abertura de postos no interior.

Em 1964, pós-golpe militar, passou por apuros como carteiro. Costumava receber um pacote, sem destinatário, com as publicações do Partido Comunista. Abria e deixava exposto para os militantes pegarem. Até o dia em que foi levado para a delegacia. Queriam o nome de cada um dos comunistas de Cândido Mota. Apesar das ameaças, não falou nada, diz o filho Antônio, que também foi carteiro.

Em Taquaritinga, onde recebeu o título de cidadão por seu empenho em organizar o serviço dos Correios, montou um clube de filatelia e uma grande exposição de selos.

Morreu na quinta (19), aos 81, de falência de órgãos. Teve quatro filhos e dois netos. Foi enterrado em 20 de janeiro, dia de São Sebastião.

coluna.obituario@uol.com.br

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