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Falta de planta pode prejudicar apuração, dizem engenheiros

Documento encontrado pela Prefeitura do Rio não tem informações sobre a estrutura do prédio que desabou

Em troca de e-mail com empresa que reformava andar, síndico contesta obras; sócio diz ter cumprido as exigências

ANTONIO GOIS
DO RIO

A planta original do edifício Liberdade encontrada pela Prefeitura do Rio contribuirá pouco para elucidação das causas do desabamento. Isto porque se trata de planta arquitetônica, sem dados sobre a estrutura do prédio de 20 andares que desabou sobre outros dois, na semana passada.

"Não são plantas de estrutura. Trazem registros arquitetônicos, da divisão interior dos andares e de autorizações da prefeitura, mas nada sobre a localização de vigas e pilares", diz Cláudio Nóbrega, especialista em estrutura do Clube de Engenharia.

Engenheiros e a própria prefeitura dizem que dificilmente a planta estrutural será encontrada, pois edifícios antigos não costumam ter arquivos desses projetos.

O que os papéis achados até o momento revelam é que os acréscimos de andares foram autorizados. O projeto inicial aprovado em 1938 era de 15 andares, mas, um ano depois, os construtores obtiveram aprovação para mais três.

Essa ampliação, porém, foi construída com um recuo em forma de pirâmide. Em 1950, a prefeitura novamente autorizou o prédio a completar essa área de recuo, dando ao edifício o formato recente.

RESPONSABILIDADE

Uma troca de e-mails entre o síndico do Liberdade, Paulo Renha, e seu advogado, Geraldo Simões, mostra que Renha estava preocupado com as obras realizadas pela TO (Tecnologia Organizacional).

Na mensagem, de 3 de novembro, o síndico pede uma carta formal a ser enviada aos donos da empresa com uma definição clara de que seria deles a "total e completa responsabilidade sobre o que acontecer", caso não fossem cumpridas as determinações.

Entre elas: colocação de tubo para escoar entulho, laudo de engenheiro atestando que a laje do terceiro andar suporta o peso e ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), documento assinado por engenheiro e registrado no Crea.

No dia seguinte, o advogado fez uma notificação formal. A empresa respondeu duas semanas depois e apresentou laudo do engenheiro Paulo Brasil atestando que a laje suportava o peso do entulho.

Sérgio Oliveira, sócio da TO, diz que cumpriu todas as exigências, menos a da ART, por entender que, como não se tratava de reforma estrutural, não era preciso acompanhamento por engenheiro.

A TO fazia obras ainda no nono andar, que, diz o advogado, também foram contestadas. O registro, porém, se perdeu, pois estava no prédio.

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