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Obra tirou sustentação de prédio, diz polícia

Empresa nega irregularidade; desabamento que atingiu três prédios no Rio deixou 17 mortos e cinco desaparecidos

Para delegado que investiga o caso, reforma que abriu salão em andar mexeu na estrutura do edifício

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Uma semana após iniciar as investigações sobre o desabamento de três prédios, no centro do Rio, a Polícia Civil já tem certeza que a empresa TO (Tecnologia Organizacional), que realizava obra no 9º andar, modificou a estrutura de outros cinco andares do edifício Liberdade.

As paredes destes andares, que foram derrubadas, tinham função de sustentação.

A direção da TO nega ter realizado obras na estrutura. "Estou convicto que nossas reformas não afetaram a estrutura do prédio. Nossas reformas são internas", afirmou Sérgio Alves, diretor-presidente da TO.

O delegado Alcides Pereira não tem essa mesma convicção. Após dez dias, 23 depoimentos, um vídeo de pouco mais de cinco minutos e conversas com peritos, ele está convencido que entre os fatores que levaram ao desabamento estão as obras da TO.

A empresa ocupa seis andares do prédio há 13 anos. Nos cinco andares já reformados (3º, 4º, 6º, 10º e 14º), contaram com orientação de arquiteto e engenheiro.

Em todos eles, paredes foram derrubadas e grandes salões abertos. Para a obra do 9º andar, a arquiteta e o engenheiro foram dispensados.

No depoimento, Alves afirmou que isto aconteceu porque o que seria feito era semelhante aos outros andares.

A partir do vídeo feito por um operário, mostrando as obras do 9º andar, peritos e o delegado concluíram que as paredes tinham uma função de sustentação.

As imagens mostram uma coluna parcialmente quebrada com vergalhões à mostra. Depois, novas imagens mostram a coluna no chão.

Os mesmo aconteceu com as vigas no teto que, segundo peritos também sustentavam o prédio. O vídeo mostra uma perfuração na viga do 9º andar e rachadura no teto.

A perícia avalia ainda se os dois andares construídos sobre o 18º andar também possam ter contribuído para a queda do edifício. A apólice de seguro do prédio não cobria desabamento.

O desabamento dos três prédios resultou na morte de 17 pessoas no dia 25 de janeiro. Até a noite de ontem, outras cinco pessoas ainda estavam desaparecidas.

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