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Escolas trocam lancheiras por 'merenda pedagógica'

Em algumas instituições, todos os alunos têm de participar do programa

Escolas acreditam que, em grupo, criança se sente motivada a provar alimentos que normalmente rejeitaria

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

João Pedro, 3, segura um buquê de brócolis cru como um de flores. Ergue-o sobre a cabeça e brada: "Sou forte".

Curiosas, outras crianças da sala se aproximam. Apalpam e cheiram a comida. Depois, recebem uma arvorezinha da verdura cozida e a devoram. Algumas pedem mais.

Foi assim o início do ano letivo na escola be.Living, no Jd. Paulista, zona sul de SP.

Diariamente, os alunos compartilham a merenda oferecida pela própria escola, composta por frutas, carboidratos saudáveis e sucos naturais. Uma vez por semana são apresentados a novos alimentos, como o brócolis. Lancheiras não entram.

A be.Living é parte de uma tendência cada vez mais comum em escolas particulares. Lancheiras estão sendo aposentadas e, em troca, os colégios têm oferecido um lanche coletivo, feito na companhia de uma nutricionista.

A ideia da mudança é dar opções mais frescas e saudáveis e acabar com o "mercado negro de guloseimas": quando o aluno que leva um lanche saudável recorre ao biscoito recheado do colega.

A tese das escolas é que, em grupo, crianças se sentem mais motivadas para provar alimentos que costumam rejeitar. Além disso, o recreio torna-se o momento para trabalhar coletivamente conceitos de alimentação saudável e de desperdício de comida.

"A gente encara a refeição como parte do projeto pedagógico da escola", afirma Marta Campos, da escola Viva, na zona oeste de SP.

Empresas terceirizadas, que prestam o serviço para as escolas, afirmam que a procura tem aumentado muito. A GRSA fechou contrato com 20 escolas em 2011. Mais 12 começaram em 2012. A Trix diz que teve de recusar cliente. A Sodexo/Puras também sentiu uma maior procura.

CUSTO EXTRA

Esse tipo de alimentação tem custo extra para os pais: de R$ 5 a R$ 9,50/dia. O lanche de casa sai cerca de R$ 4.

Em algumas escolas, como a be.Living, a Viva e a Internacional de Alphaville (Grande SP), todos os alunos têm que participar. Em outras, como Lourenço Castanho e Pueri Domus, o pai decide.

Na escola 12 de Outubro, onde o programa começa neste ano, a medida gerou polêmica. Parte dos pais decidiu não aderir e reclamou porque os filhos terão que ficar separados na hora da refeição.

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